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Impactos da mudança do clima na produção de alimentos são debatidos durante conferência
Os desafios científicos e tecnológicos para a produção de alimentos frente os impactos sistêmicos da emergência climática foi tema do painel, realizado durante a Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) para a Transformação Ecológica dos Sistemas Agroalimentares promovida pela Embrapa. O evento integra as etapas preparatórias para a Conferência Nacional de CTI que será realizada em junho pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Dr. Márcio Rojas, apresentou dados globais e nacionais sobre a mudança do clima em curso, enfatizando que 2023 foi o ano mais quente já registrado e que as perspectivas, mesmo se todas as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países à Convenção do Clima forem implementadas integralmente, apontam para um cenário em é provável que o aquecimento exceda 1,5oC e mais difícil de limitar abaixo de 2oC até o fim do século 21. “As políticas públicas precisam dar conta desses desafios. Concretamente, o que tem sido colocado na mesa em âmbito global não tem sido suficiente”, disse o coordenador.
O Dr. Rojas apresentou dados do estudo executado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostram as alterações nos padrões de chuva e de temperaturas. Nos últimos 60 anos, algumas regiões Nordeste e central do país apresentaram redução de cerca de 30% na média de chuvas, enquanto no Sul houve aumento que se aproxima de 40%, além da tendência de aumento de dias secos consecutivos. “Isso traz uma série de impactos na produção agrícola de modo direto e indireto e que estão relacionados com outras questões. Tratar de segurança alimentar é também falar de segurança hídrica e, no Brasil, por conta matriz energética, de questões de segurança energética”, afirmou o coordenador.
O Dr. Rojas mencionou dados da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção do Clima que apresenta projeções sobre a produtividade da agropecuária brasileira considerando cenários de aquecimento global. “Os riscos climáticos podem comprometer a produtividade e também a competividade do setor, como a diminuição de áreas propensas ao cultivo de algumas culturas”, exemplificou. Ele citou ainda caminhos para adaptação, como a adoção de práticas sustentáveis que protegem encostas, nascentes, solo, evitar a perda de cobertura vegetal, entre outras, que “preservam a qualidade dos serviços ecossistêmicos e reduzem a vulnerabilidade dos sistemas”.
Importância do setor para a redução das emissões – O painel contou com a participação de representantes de outras pastas ministeriais. A Dra. Cristina Reis, subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, mencionou os instrumentos que a Fazenda está desenhando, como a possibilidade de pagamento pelos sistemas agroflorestais, investimentos para indústria, e regras para evitar o greenwashing.
Aluísio Melo, diretor da Secretaria Nacional de Mudança do Clima do MMA, ressaltou a importância do setor agropecuário para as reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil nos médio e longo prazos. Segundo Melo, para cumprir os compromissos de redução de emissões e de alcançar a neutralidade de emissões em 2050 haverá necessidade que avançar rapidamente na redução das emissões oriundas de uso da terra e das atividades agropecuárias. As atividades também apresentam potencial de remoção de carbono, as chamadas emissões negativas. “Qualquer cenário para o Brasil ser neutro em 2050 é de emissões negativas. Atividades como restauração florestais devem ter um papel de sumidouro”, afirmou.
De acordo com a 6ª edição das Estimativas Anuais, de 2020, as emissões do Setor Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas (LULUCF) somadas as do Setor Agropecuária respondem por 66,5% das emissões totais do Brasil.
Karen Cope, representante da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, apresentou uma perspectiva estratégica, considerando os desafios que o país terá no horizonte até 2050, e os desafios do cenário internacional para o setor agroexportador, como as novas medidas envolvendo o comércio internacional que envolvem rastreabilidade de produtos e taxação de carbono na fronteira. O Dr. Gustavo Mozzer, moderador do painel e assessor da Embrapa, reforçou que o desafio envolve manter a competitividade em cenários futuros, e destacou a necessidade de produzir dados e informações estratégicas que permitam melhorar as análises.
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Fonte: MCTI.
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