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Pesquisa desenvolve citros resistentes à seca
O cultivo dos citros no Brasil se dá predominantemente sem irrigação e por isso é desejável que se usem combinações copa/porta-enxerto que mostrem, entre outras características de interesse agronômico, a tolerância à seca.
Pixabay
Sabe-se que as plantas desenvolvem mecanismos de “memória” para melhor se adaptarem às condições adversas, estresses bióticos e abióticos. Pensando nisso, o pesquisador da Embrapa e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Dr Abelmon da Silva Gesteira, estudou alterações epigenéticas de dois porta-enxertos – tangerineira “Sunki Maravilha” e o limoeiro “Cravo” em combinação com laranjeira “Valencia” – que foram induzidas por sucessivos déficits hídricos, ou seja, a irrigação foi cortada.
Epigenética é um termo usado na biologia para se referir a características de organismos unicelulares e multicelulares, como as modificações de cromatina e DNA que são estáveis ao longo de diversas divisões celulares mas que não envolvem mudanças na sequência de DNA do organismo.
Dr Gesteira explica que após sucessivos ciclos de déficit hídricos, a combinação laranjeira “Valencia”/”Sunki Maravilha” apresentou características de aclimatação que permitem uma maior tolerância ao déficit hídrico, o que, por sua vez, pode facilitar a sobrevivência da planta. Além de trazer informações relevantes da interação copa/porta-enxerto a sucessivos ciclos de déficit hídrico, o estudo traz o primeiro conjunto de dados que demonstra que alterações epigenéticas induz uma melhor tolerância à seca a esta cultura. “As informações obtidas poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de uma técnica de manejo com aplicação direta na cadeia citrícola”, afirma.
O pesquisador da Embrapa informa ainda que o cultivo dos citros no Brasil se dá predominantemente sem irrigação e por isso é desejável que se usem combinações copa/porta-enxerto que mostrem, entre outras características de interesse agronômico, a tolerância à seca, devido à ocorrência de déficits hídricos temporários em várias regiões citrícolas. “As plantas cítricas apresentam uma série de adaptações morfológicas e fisiológicas à deficiência hídrica, entre as quais se citam a conformação de copa e a morfologia foliar”, esclarece. Estes atributos, segundo o Dr Gesteira, são influenciados pela combinação copa/porta-enxerto, sendo que a tolerância à seca é também uma das características para seleção e melhoramento de porta-enxertos, existindo grande variação desta resposta, determinada especialmente pela condutividade hidráulica do sistema radicular.
Intitulado “Estudos de alterações epigenéticas induzidas pelo déficit hídrico em citros”, o Dr Gesteira destaca que a proposta é inovadora e sem relatos na literatura, além de apresentar potencial para o desenvolvimento de uma técnica de manejo com aplicação direta na cadeia citrícola. “Vale ressaltar que, caso seja comprovado que plantas cítricas submetidas a déficits hídricos sucessivos apresentam adaptações que resultam em uma maior tolerância à seca, as plantas matrizes, doadoras das borbulhas para enxertia, poderão ser submetidas a déficits hídricos prévios, visando aumentar o nível de tolerância ao estresse em questão”, finaliza.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq Imagem: Pixabay
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