Notícia

Pesquisa usa resíduos da indústria do pescado para criar embalagens de embutidos

O estudo consiste no uso da quitosana, um polissacarídeo extraído da escama do peixe, em conjunto com microorganismos, para elaboração de uma membrana com propriedades antimicrobiana, antioxidante e nutricional

Dr. Marcelo Fossa da Paz, via FUNDECT

Fonte

FUNDECT | Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul 

Data

sexta-feira, 8 março 2024 17:45

Áreas

Aquicultura. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Sustentabilidade

O interesse em manter a qualidade dos alimentos sem aditivos sintéticos, com elementos naturais e menos agressivos à saúde do consumidor e ao meio ambiente, tem encorajado a exploração de novos materiais biodegradáveis, formulados a partir de fontes renováveis. É o caso de uma pesquisa do Laboratório de Bioengenharia (BIOENG) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) que desenvolve biofilmes, a partir de escamas e pele de tilápia, para envolver salsichas, linguiças, salames e outros embutidos.

O estudo coordenado pelo professor Dr. Marcelo Fossa da Paz, com fomento do Governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul  (FUNDECT), consiste no uso da quitosana, um polissacarídeo extraído da escama do peixe, em conjunto com microorganismos, para elaboração de uma membrana com propriedades antimicrobiana, antioxidante e nutricional. O projeto intitulado “Desenvolvimento de produtos alimentares inovadores, ricos em proteínas, a partir de pescado e microalgas, utilizando estratégias de biorrefinaria e de bioeconomia circular”.

Diferentes formulações e tipos de interações moleculares entre biopolímeros, aqueles sintetizados por organismos vivos, foram avaliadas para criar filmes elásticos, resistentes e funcionais. “A quitosana tem poder antibacteriano e pode ajudar na melhoria do tempo de prateleira da carne e os polímeros de origem microbiana, como alginato e goma curdlana, por exemplo, são espessantes, estabilizantes e gelificantes”, explicou o coordenador da pesquisa que conta ainda com a participação outros três doutores, um doutorando, duas mestrandas e sete acadêmicos do curso de biotecnologia da UFGD.

Além de testar microrganismos já conhecidos pela ciência, a equipe buscou novas fontes no Cerrado sul-mato-grossense. Três espécies de microalgas, ainda não identificadas, foram coletadas em córregos afluentes do Rio Dourados e apresentaram potencial biotecnológico promissor, tanto na formação do biofilme quanto como suplemento nutricional. Uma delas chamou atenção pela coloração salmão, originária da astaxantina, um carotenoide com propriedades antioxidantes, rico em betacaroteno, responsável pelo pigmento vermelho de algumas espécies aquáticas e pela coloração rosa dos flamingos.

O desenvolvimento dos biofilmes está em fase final e os pesquisadores fazem agora avaliações microbiológicas, químicas e físicas, como resistência, elongação e retenção de umidade, propriedades necessárias para que os produtos sejam alternativas viáveis às embalagens de colágeno bovino e celulose, utilizadas hoje pela indústria de embutidos.

O estudo avança também na extração do colágeno da pele da tilápia para incorporar às membranas. O Dr. Marcelo Fossa da Paz destacou que o colágeno de pescado tem vantagens em relação ao bovino por ser mais digerível e solúvel, permitindo a preservação da estrutura nativa das macromoléculas na formação dos filmes.

Segundo o pesquisador, o projeto fomentado pela Fundect será concluído com a elaboração de linguiças embaladas com membranas feitas a partir da combinação do colágeno do pescado com a quitosana, mas a equipe vai seguir pesquisando a incorporação de nutrientes, microrganismos probióticos e suplementos alimentares. “As possibilidades são muitas porque, a partir dessa formulação, podem ser incorporados vários elementos que vão melhorar a qualidade nutricional. A gente pode incorporar a proteína da ora-pro-nobis, por exemplo, e alguns óleos essenciais que podem trazer proteção para o alimento e aumentar o tempo de vida por impedir a oxidação das gorduras da carne”.

Acesse a notícia completa na página da FUNDECT.

Fonte: Maristela Cantadori, FUNDECT.  Imagem: Dr. Marcelo Fossa da Paz, via FUNDECT.

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