Notícia
Doses elevadas de suplementos antioxidantes podem estimular o fluxo sanguíneo em tumores
Descoberta corrobora a ideia de que suplementos dietéticos contendo antioxidantes podem acelerar o crescimento tumoral e a metástase
Freepik
Fonte
Instituto Karolinska
Data
domingo, 3 setembro 2023 17:05
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
Pesquisadores do estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Investigation, disseram: “Descobrimos que antioxidantes ativam mecanismo que faz com que os tumores cancerígenos formem novos vasos sanguíneos, o que é surpreendente, uma vez que se pensava anteriormente que os antioxidantes tinham um efeito protetor. Os novos vasos sanguíneos nutrem os tumores e podem ajudá-los a crescer e se espalhar”, disse o líder do estudo Dr. Martin Bergö, professor do Departamento de Biociências e Nutrição e vice-presidente do Instituto Karolinska na Suécia.
Antioxidantes neutralizam os radicais livres de oxigênio, que podem danificar o corpo e, que, são comumente encontrados em suplementos dietéticos. Mas doses excessivamente elevadas podem ser prejudiciais.
“Não há necessidade de temer os antioxidantes na alimentação normal, mas a maioria das pessoas não precisa de quantidades adicionais deles. Na verdade, pode ser prejudicial para pacientes com câncer e pessoas com risco elevado de câncer”, disse o professor Dr. Bergö
Mecanismo até o momento desconhecido
O grupo de pesquisadores do Dr. Martin Bergö já demonstrou que antioxidantes como as vitaminas C e E aceleram o crescimento e a propagação do câncer do pulmão, estabilizando uma proteína chamada BACH1. O BACH1 é ativado quando o nível de radicais livres de oxigênio cai, o que acontece, por exemplo, quando antioxidantes extras são introduzidos através da dieta ou quando mutações espontâneas nas células tumorais ativam antioxidantes endógenos. Agora os pesquisadores conseguiram demonstrar que a ativação do BACH1 induz a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese).
Embora os baixos níveis de oxigênio (hipóxia) sejam conhecidos por serem necessários para que a angiogênese ocorra em tumores com câncer, novo mecanismo identificado pelos pesquisadores demonstra que os tumores também podem formar novos vasos sanguíneos na presença de níveis normais de oxigênio. O estudo mostra também que o BACH1 é regulado de forma semelhante à proteína HIF-1α – mecanismo que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2019 e que permite as células adaptarem-se às mudanças nos níveis de oxigênio. O HIF-1α e o BACH1 trabalham juntos nos tumores, mostra a nova pesquisa.
Esperando por medicamentos mais eficazes
“Muitos ensaios clínicos avaliaram a eficácia dos inibidores da angiogênese, mas os resultados não foram tão bem-sucedidos quanto o esperado”, disse Ting Wang, estudante de doutorado no grupo do professor Bergö no Instituto Karolinska. “Nosso estudo abre portas para formas mais eficazes de prevenir a angiogênese em tumores; por exemplo, os pacientes cujos tumores apresentam níveis elevados de BACH1 podem beneficiar-se com mais da terapia antiangiogênica do que os pacientes com níveis baixos de BACH1.”
Os pesquisadores utilizaram uma série de métodos biológicos celulares e concentraram a maior parte do trabalho em tumores de câncer do pulmão, estudando organoides – pequenos microtumores cultivados de pacientes. Mas eles também estudaram camundongos e amostras de tumores de mama e rins humanos. Os tumores nos quais o BACH1 foi ativado, seja por meio de antioxidantes ingeridos ou pela superexpressão do gene BACH1, produziram mais novos vasos sanguíneos e foram altamente sensíveis aos inibidores da angiogênese.
“O próximo passo é examinar detalhadamente como os níveis de oxigênio e radicais livres podem regular a proteína BACH1, e continuaremos a determinar a relevância clínica dos nossos resultados. Também faremos estudos semelhantes em outras formas de câncer, como câncer de mama, rim e pele”, disse Ting Wang.
O estudo foi conduzido em estreita colaboração com os pesquisadores do KI Susanne Schlisio, Staffan Strömblad e Eckardt Treuter e pesquisadores do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Zhengzhou. A pesquisa foi financiada principalmente por doações da Sociedade Sueca do Câncer, do Conselho Sueco de Pesquisa, da Fundação Sjöberg, da Fundação Knut e Alice Wallenberg, do Centro de Medicina Inovadora (CIMED) e do Instituto Karolinska. Não há conflitos de interesse relatados.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).
Fonte: Felicia Lindberg, Instituto Karolinska. Imagem: Freepik
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