Notícia
Estudo pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas estratégias para prevenir e tratar a obesidade
Estudo descobriu que um ácido biliar específico que está associado a maior apetite e piores níveis metabólicos, diminuiu após a cirurgia bariátrica e após a ingestão de suplementos de fibras
Pixabay
Fonte
Universidade de Nottingham
Data
terça-feira, 11 abril 2023 18:10
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
Uma nova pesquisa mostrou que a perda de peso, ou cirurgia bariátrica, pode alterar significativamente os níveis de ácido biliar associados ao aumento do apetite, assim como tomar suplementos de fibras, mas em menor grau.
A cirurgia bariátrica pode ser usada como tratamento para pessoas muito obesas e existem vários tipos de cirurgia disponíveis, como reduzir o tamanho do estômago ou redirecionar a parte superior do estômago para o intestino delgado. É um procedimento invasivo, mas pode levar a melhorias significativas na perda de peso, na saúde metabólica e na redução do apetite – embora as razões para isso sejam desconhecidas. Os ácidos biliares são um marcador de má saúde cardiometabólica que pode afetar a função hepática e a inflamação.
O estudo, publicado na revista científica Cell Reports Medicine por pesquisadores da Universidade de Nottingham, King’s College London e Amsterdam University Medical Center, lançou luz sobre as moléculas subjacentes aos benefícios desse tipo de cirurgia no apetite e metabolismo do paciente.
Os pesquisadores estudaram um grupo de pacientes em Amsterdã que se submeteram à cirurgia bariátrica medindo os níveis de ácidos biliares antes da cirurgia e um ano após a operação. Eles também estudaram os ácidos biliares de dois estudos populacionais – ‘TwinsUK’, administrado pelo King’s College London, e ‘PREDICT’, administrado pelo King’s College London e pela empresa de nutrição ZOE.
O estudo descobriu que um ácido biliar específico chamado isoursodeoxycholate (isoUDCA), que está associado a maior apetite e piores níveis metabólicos, diminuiu após a cirurgia bariátrica e após a ingestão de suplementos de fibras. Os níveis de isoUDCA não diminuíram após o consumo de suplementos de ômega-3.
A professora Dra. Ana Valdes, da Escola de Medicina da Universidade de Nottingham, disse: “A cirurgia bariátrica não é apenas extremamente eficaz para ajudar as pessoas a perder peso, reduzindo o apetite, mas também melhora a função hepática e o metabolismo”.
“O que nosso estudo mostra é que o metabólito microbiano específico está envolvido em alguns desses benefícios e que, embora em uma extensão mais modesta, a fibra dietética pode imitar alguns desses efeitos”, disse a professora Ana Valdes.
A professora Valdes continuou: “Isso pode ajudar a projetar estudos de suplementação dietética com o objetivo de aumentar a saciedade e melhorar os parâmetros hepáticos”.
Ao entender esses mecanismos, os cientistas podem desenvolver novas intervenções que imitem os efeitos da cirurgia bariátrica sem submeter os pacientes ao procedimento em si. A cirurgia bariátrica também é adequada apenas para pessoas com obesidade grave, e entender se o isoUDCA pode ser modificado por intervenções no estilo de vida pode levar a tratamentos mais direcionados para a obesidade.
A Dra. Cristina Menni, do King’s College London, disse: “Os resultados do estudo têm implicações importantes para o desenvolvimento de intervenções direcionadas para distúrbios metabólicos focados no microbioma intestinal”.
“Ao entender melhor a complexa interação entre a genética, o microbioma intestinal e a dieta na regulação dos níveis de ácidos biliares e seu impacto no apetite e na saúde metabólica, podemos desenvolver novas estratégias para prevenir e tratar a obesidade e a síndrome metabólica”, disse a Dra Cristina Menni.
Outra descoberta importante foi observar a forte influência dos micróbios intestinais nos níveis de isoUDCA. Isso confirma que o microbioma intestinal é fundamental para determinar os resultados da cirurgia bariátrica e esclarece as maneiras pelas quais os micróbios intestinais modificam o metabolismo de uma pessoa.
O coautor Professor Dr. Tim Spector, Professor de Epidemiologia Genética no King’s College London e cofundador da ZOE, empresa de nutrição personalizada, disse: “Este estudo destaca o papel fundamental que a fibra desempenha na regulação do apetite e no metabolismo, aproveitado por micróbios intestinais específicos. Testes avançados de microbioma intestinal (como usados pelo ZOE) fornecem informações personalizadas que podem apoiar a saúde metabólica. O microbioma intestinal e seus produtos químicos, como esses ácidos biliares, são uma grande promessa para reduzir a obesidade sem a necessidade de cirurgia invasiva”.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Nottingham (em inglês).
Fonte: Danielle Hall, Universidade de Nottingham. Imagem: Pixabay.
Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar