Notícia

Dieta com baixo teor de gordura pode ser a chave para interromper o crescimento de cânceres

Fonte

Universidade de Adelaide

Data

segunda-feira, 19 dezembro 2022 10:35

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

Uma nova pesquisa descobriu que os alimentos podem desempenhar um papel importante na interrupção do crescimento de alguns tipos de câncer.

Anteriormente, pensava-se que a dieta não tinha impacto sobre os tumores, mas uma equipe de pesquisadores do SAHMRI e da Universidade de Adelaide, liderada pelo Dr. Daniel Thomas, virou essa teoria de cabeça para baixo.

O estudo, financiado pelo Hospital Research Foundation Group, Snowdome Foundation e Leukemia Foundation, foi uma colaboração com a Universidade de Stanford, recentemente publicado na revista científica Cancer Discovery. Ele mostrou que cânceres com mutações no gene IDH1 não podem crescer sem lipídios; um grupo de moléculas de ocorrência natural, nomeadamente gorduras, contidas em vários alimentos como a manteiga e os sorvetes.

“Replicamos os resultados em uma variedade de tipos de câncer, comparando uma dieta regular com uma completamente livre de gordura e ficamos surpresos ao descobrir que os tumores com IDH1 foram interrompidos quando privados de lipídios”, disse o Dr. Thomas.

“Ao contrário de outros tumores, os cânceres com mutações IDH1 são viciados em lipídios, eles precisam comê-los e e eles precisam fazê-los a partir do zero”, explicou o Dr. Thomas.

A mutação do gene IDH1 é uma mutação desagradável que reprograma a célula e é comumente encontrada no câncer de sangue, leucemia mielóide aguda, câncer ósseo chamado condrossarcoma, câncer do ducto biliar e glioma de baixo grau, um tipo de câncer cerebral. A boa notícia é que a equipe do Dr. Daniel continua encontrando pontos fracos ocultos nos cânceres IDH1 que podem ser explorados para curar pacientes.

Rolf Sulzle, de 65 anos, recentemente se aposentou de uma carreira como fabricante de ferramentas, tendo vivido sua vida com uma saúde razoavelmente boa, até que foi repentinamente diagnosticado com um câncer cerebral mutante IDH1 agressivo em maio deste ano e disse que tinha apenas três meses de viva.

O câncer é comum na família de Rolf, tendo sido responsável pela morte de sua mãe, irmão e irmã.

“Minha esposa e colegas foram os primeiros a perceber os sintomas, mudanças que eu não conseguia ver em mim; comportamento estranho, sendo distante e menos responsivo”, disse Sulzle.

“O médico achou que eu poderia ter depressão, até que os exames mostraram um grande tumor no lado esquerdo do meu cérebro; foi um verdadeiro choque”, disse Sulzle.

Uma cirurgia bem-sucedida removeu 99% do tumor, ganhando mais tempo para o Sr. Sulzle. Ele agora está passando por quimioterapia visando as células cancerígenas restantes.

“Eles me disseram que se eu tivesse passado mais algumas semanas sem tratamento, estaria morto”, disse Sulzle.

“Essas descobertas podem eventualmente levar a um aumento na sobrevida em pacientes que estão em remissão após o tratamento de cânceres IDH1 usando terapia de prótons ou radioterapia”, disse o Dr. Daniel Thomas, professor Associado de Hematologia na Universidade de Adelaide.

Rolf cuida de sua esposa Julie, que vive com um distúrbio autoimune incapacitante e disse que sua principal preocupação é permanecer vivo o máximo que puder para cuidar dela.

“O conselho que recebi até agora é viver cada dia como se fosse o último”, disse Sulzle.

“Se houver uma chance de conseguir algum tempo extra sendo mais cuidadoso com o que estou comendo, com certeza farei isso”, disse Sulzle.

O câncer é normalmente conhecido por se alimentar de açúcares, mas o Dr. Thomas disse que os tumores com a mutação IDH1 são viciados em gorduras.

“Mais trabalho precisa ser feito para fundamentar nossas descobertas em humanos a longo prazo, mas para qualquer pessoa com um câncer mutante IDH1 como Rolf, nossa pesquisa sugere errar por excesso de cautela, evitando alimentos ricos em gorduras saturadas”, disse o Dr. Thomas.

É uma descoberta oportuna, com a primeira instalação de terapia de prótons do país a ser estabelecida em breve no Australian Bragg Centre.

O SAHMRI pode se tornar o primeiro no mundo a combinar o direcionamento de IDH1 com terapia de prótons e terapias de pequenas moléculas personalizadas.

“Essas descobertas podem eventualmente levar a um aumento na sobrevida em pacientes que estão em remissão após o tratamento de cânceres IDH1 usando terapia de prótons ou radioterapia”, disse o Dr. Thomas.

“Estamos aprendendo rapidamente que cada pedacinho conta para alcançar a remissão e melhorar a sobrevivência sem quimioterapia excessiva”. completou o Dr. Thomas.

Dr. Thomas credita seus colegas Kelly Lim e Dr. Chloe Thompson-Peach por sua contribuição para a descoberta e agradece à Seeley International e à família Crawford por seu investimento na pesquisa do câncer que tornou este trabalho possível.

O estudo abre portas para estudos de longo prazo com pacientes, o que permitiria aos pesquisadores provar definitivamente se uma dieta pobre em lipídios ou medicamentos hipolipemiantes pode impedir o crescimento desses tumores.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Adelaide (em inglês).

Fonte: Lee Gaskin, Universidade de Adelaide.  Imagem: Freepik.

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