Notícia

Quanta água realmente precisamos?

Fonte

Universidade de Aberdeen

Data

segunda-feira, 28 novembro 2022 15:05

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Esportiva. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Sem água, os seres humanos só podem sobreviver por alguns dias, no entanto, a quantidade exata de que realmente precisamos diariamente é difícil de medir objetivamente.

Uma nova pesquisa da Universidade de Aberdeen, publicada na revista científica Science, mostra que a ingestão recomendada de água de oito copos (cerca de dois litros) por dia raramente corresponde às nossas necessidades reais e, em muitas situações, é muito alta.

Pesquisas anteriores nessa área dependiam de questionários subjetivos aplicados a um número relativamente pequeno de pessoas. Agora, cientistas da Universidade de Aberdeen colaboraram com cientistas de todo o mundo para medir a renovação da água (que está intimamente relacionada às necessidades de água) usando uma técnica de isótopo estável. Eles aplicaram essa abordagem mais objetiva a 5.604 homens e mulheres, com idades entre 8 dias e 96 anos, de 23 países diferentes. Os dados foram compilados em um banco de dados hospedado pela Agência Internacional de Energia Atômica.

A técnica envolve pessoas bebendo um copo de água no qual algumas das moléculas de hidrogênio foram substituídas por um isótopo estável de hidrogênio chamado deutério. O deutério é encontrado naturalmente em nossos corpos e é completamente inofensivo. A taxa de eliminação do deutério extra do copo de água nos diz com que rapidez a água no corpo está se transformando.

O trabalho mostrou que a rotatividade hídrica é maior em ambientes quentes e úmidos e em altas altitudes, assim como entre atletas, gestantes e lactantes e indivíduos com alto nível de atividade física.

O maior fator, porém, foi o gasto de energia. Os maiores valores foram observados no sexo masculino entre 20 e 35 anos, que é o grupo com maior gasto energético. A rotatividade de água desse grupo foi em média de 4,2 litros por dia. Posteriormente, diminuiu com o aumento da idade, com média de apenas 2,5 litros por dia em homens na faixa dos 90 anos. Entre as mulheres, o volume médio de água entre 20 e 40 anos foi de 3,3 litros por dia, e também caiu para cerca de 2,5 litros aos 90 anos.

A rotatividade da água também foi maior nos países em desenvolvimento. Isso provavelmente ocorre porque, nos países desenvolvidos, o ar condicionado e o aquecimento protegem os indivíduos da exposição a condições ambientais extremas que elevam a demanda por água.

O professor Dr. John Speakman, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Aberdeen, explicou: “A rotatividade da água não é igual à necessidade de água potável. Mesmo que um homem na faixa dos 20 anos tenha um volume médio de água de 4,2 litros por dia, ele não precisa beber 4,2 litros de água por dia. Cerca de 15% desse valor reflete a troca de água superficial e a água produzida a partir do metabolismo. Portanto, a ingestão real de água necessária é de cerca de 3,6 litros por dia. Como a maioria dos alimentos também contém água, uma quantidade substancial de água é fornecida apenas pela alimentação.

“Como o teor de água dos alimentos varia muito, é difícil determinar a quantidade exata de água potável necessária. Para uma pessoa típica nos EUA ou na Europa, provavelmente mais da metade dos 3,6 litros de água vem dos alimentos, o que significa que a quantidade necessária para ser bebida é de cerca de 1,5 a 1,8 litros por dia. Para uma mulher na casa dos vinte anos, é provavelmente cerca de 1,3 a 1,4 litros por dia. Pessoas mais velhas geralmente requerem menos do que isso, enquanto climas quentes, gravidez ou amamentação e maior atividade física irão aumentá-lo.

“Este estudo mostra que a sugestão comum de que todos devemos beber oito copos de água (ou cerca de dois litros por dia) é provavelmente muito alta para a maioria das pessoas na maioria das situações e uma ‘política de tamanho único’ para a ingestão de água não é suportada por esses dados”.

A pesquisa resultou em uma equação geral para prever o volume de água que pode ser usado para antecipar os efeitos de mudanças futuras, por exemplo, no clima e na demografia populacional. Isso ajudará os países a antecipar suas futuras necessidades de água.

O professor Speakman continuou: “Entender os fatores que impulsionam nossa rotatividade de água e a importância relativa de diferentes fatores é um grande passo à frente em nossa capacidade de prever as necessidades futuras de água. Este trabalho foi construído com contribuições de cientistas de todo o mundo e mostra a importância fundamental da cooperação científica internacional para responder a grandes questões científicas.”

O Dr. Yosuke Yamada, chefe de seção do Instituto Nacional de Inovação Biomédica, Saúde e Nutrição no Japão, co-autor do artigo, disse: “As equações que geramos para prever a renovação da água serão de grande benefício na modelagem das necessidades globais de água. Este trabalho não poderia ter sido realizado sem a colaboração internacional de mais de 90 pesquisadores.”

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Aberdeen (em inglês).

Fonte: Universidade de Aberdeen.  Imagem: Pixabay, arte.

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