Notícia

Genética e dieta influenciam a homeostase dos ácidos biliares

Fonte

EPFL | Escola Politécnica Federal de Lausanne

Data

sexta-feira, 30 setembro 2022 16:45

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Os ácidos biliares são um grande grupo de derivados do colesterol que são bem conhecidos por seu papel em facilitar a absorção intestinal de gorduras. Uma vez reabsorvidos no intestino, os ácidos biliares circulam no sangue, onde podem funcionar como hormônios poderosos. A concentração e a composição dos ácidos biliares no sangue mudam após cada refeição e isso permite que eles informem a outros órgãos que a energia está disponível.

Apesar desse conhecimento sobre sua função, os moduladores genéticos e ambientais dos ácidos biliares não são totalmente decifrados e falta o entendimento de como as entidades específicas dos ácidos biliares são produzidas e sua função.

Em um novo estudo realizado pelos grupos da Dra. Kristina Schoonjans e do Dr. Johan Auwerx da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), com colegas da UNIL e ETHZ, os pesquisadores usaram uma “população de referência genética” de camundongos (os BXDs), que se assemelham à variação genética de uma pequena população humana para obter novos insights sobre a homeostase dos ácidos biliares. Ao combinar mudanças ambientais (alimentação com dieta rica em gordura), dados “ômicos”, bioinformática e análises de biologia molecular, a equipe mapeou centenas de potenciais determinantes genéticos e ambientais dos ácidos biliares, definindo seu impacto na saúde e na doença. O estudo foi publicado na revista científica Cell Metabolism.

Os pesquisadores também mediram a abundância e composição de ácidos biliares no fígado, fezes e plasma (os principais tecidos de síntese de ácidos biliares, metabolismo e sinalização, respectivamente) em 36 linhagens de camundongos BXD alimentados com ração normal ou dieta rica em gordura. Os dados mostraram que os níveis de ácidos biliares foram altamente influenciados pela dieta.

Os ácidos biliares desempenham um papel crítico em doenças metabólicas, e os pesquisadores confirmaram que eles se correlacionam fortemente com características fisiológicas, incluindo peso corporal, massa gorda, glicose e níveis de insulina. Eles também identificaram vários loci genéticos ligados aos níveis de ácidos biliares, sendo o ácido tauroursodesoxicólico (TUDCA) o exemplo mais proeminente. TUDCA é conhecido por aliviar várias doenças, mas seus receptores e moduladores permanecem desconhecidos. Os cientistas identificaram a carboxilesterase 1C (CES1C) como um novo modulador dos níveis plasmáticos de TUDCA por meio de abordagens de bioinformática e genética de sistemas e validaram ainda mais seu papel usando um modelo de camundongo com perda de função in vivo.

“A população de referência de camundongos BXD é um modelo perfeito para estudar a base genética de características complexas e permite o estabelecimento de um ambiente controlado, um pré-requisito fundamental para essa análise”, disse o Dr. Hao Li, o primeiro autor do estudo. “Esta abordagem nos permitiu identificar o CES1C como um modulador dos níveis plasmáticos de TUDCA e descobrir muitas outras ligações entre genes, ácidos biliares e fenótipos”, acrescenta a co-primeira autora Alessia Perino. “Este trabalho, amplamente patrocinado pela Fundação Kristian Gerhard Jebsen, estabelece as bases para a identificação de novas abordagens para aumentar os ácidos biliares promotores da saúde, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento de terapias promissoras para doenças metabólicas humanas”.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola Politécnica Federal de Lausanne (em inglês).

Fonte: Dra. Kristina Schoonjans, Alessia Perino, Dr. Nik Papageorgiou – EPFL. Imagem: Freepik, arte.

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