Notícia

Novos biopesticidas não poluentes para combater doenças de plantas

Pesquisadores usam a epigenética para estimular a memória vegetal das plantas com produtos naturais e assim melhorar sua resistência a doenças sem alterar o genoma

atimedia, via Pixabay

Fonte

UPM | Universidade Politécnica de Madri

Data

quinta-feira, 21 julho 2022 09:25

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciências Agrárias. Sustentabilidade

Com o objetivo de encontrar novas estratégias moleculares e novos bioprodutos que melhorem os mecanismos de defesa das plantas de forma sustentável, uma equipe de pesquisadores do Centro I+D+i para a Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável (CBDS) da Universidade Politécnica de Madri (UPM), em colaboração com o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC), mostrou que o uso de extratos naturais à base de óleos essenciais produz alterações na memória imunológica das plantas, que adquirem novas propriedades que aumentam sua tolerância a doenças de alto impacto. Esses efeitos epigenéticos induzidos perduram ao longo do tempo, mantendo o genoma da célula intacto, mas alerta. Os resultados, aplicados a plantas de tomate, foram publicados na revista científica Frontiers in Plant Science.

A utilização de produtos naturais e não poluentes no meio agrícola e florestal tem sido uma prioridade dentro das estratégias da Comunidade Europeia desde 2018. Da mesma forma, a busca de novos biopesticidas ativos e não poluentes para combater doenças de plantas de alto impacto constitui uma área de pesquisa essencial. Nesse contexto, a alteração epigenética em plantas utilizando produtos naturais pode se tornar uma ferramenta sustentável e inofensiva para que as plantas adquiram novas propriedades que as tornem mais tolerantes a doenças. Essa é a linha de trabalho que pesquisadores da UPM e do CSIC têm seguido, o uso da epigenética como ferramenta eco-sustentável no campo da fitopatologia.

A epigenética é um mecanismo natural que permite que a memória da planta seja modificada sem alterar o genoma. As plantas, devido à sua exposição a condições de crescimento mutáveis ​​e muitas vezes desfavoráveis, são adeptas da regulação epigenética, pois as ajuda a sobreviver. No laboratório liderado pela Dra. Marta Berrocal-Lobo, pesquisadora do CBDS e da Escola de Engenharia Montes, Florestal e do Ambiente Natural da UPM, são estudados e caracterizados os efeitos epigenéticos de diversos produtos naturais nas células vegetais, sem alterar o seu genoma mas adquirindo uma imunidade melhorada. Alguns desses produtos naturais são óleos essenciais de diferentes espécies de plantas aromáticas. Pesquisadores do Instituto de Ciências Agrárias do CSIC, liderados pela Dra. Azucena González Coloma, caracterizaram o potencial biopesticida de óleos essenciais de diferentes espécies de plantas aromáticas, em particular, Artemisia absinthium, uma planta aromática ancestral, já utilizada no Egito por suas propriedades curativas, e empregada também utilizado na indústria alimentícia.

As análises realizadas na UPM indicam que o óleo essencial de Artemisia absinthium é capaz de produzir alterações epigenéticas em tomateiros, aumentando sua tolerância à doença causada por Fusarium oxysporum sp., fungo altamente virulento que causa grandes perdas em inúmeras espécies, tanto hortícolas como florestais. Os resultados mostraram que o óleo essencial de Artemisia absinthium é capaz de produzir alterações no DNA, sem alterar sua sequência, mas alterando os níveis de expressão de proteínas que produzem alterações epigenéticas e modificam os padrões de metilação do tomate, adquirindo uma memória imunológica melhorada contra Fusarium sp. em relação às plantas não tratadas com o óleo.

Na opinião da Dra. Marta Berrocal-Lobo, pesquisadora que liderou o trabalho: “Estes resultados vão permitir-nos aprofundar o nosso conhecimento dos efeitos epigenéticos destes e de outros produtos naturais para melhorar a memória imunitária das plantas. A epigenética dirigida, através da utilização de produtos naturais, poderá constituir uma nova ferramenta para a aplicação de inúmeros produtos naturais em diferentes espécies vegetais e com interesse muito diverso, tanto industrial como ambiental. Além disso, serviria para reduzir o uso de contaminantes do solo e da água, contribuindo para a segurança alimentar e a prática agroflorestal ecossustentável.”

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol)

Fonte: Universidade Politécnica de Madri. Imagem: atimedia, via Pixabay.

Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 nutrição t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Alimentos, Alimentação, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account