Notícia

Estudo pré-clínico pesquisa benefícios do consumo moderado de vinho tinto no sistema cardiovascular

Pesquisa sobre o consumo moderado do vinho tinto liofilizado produzido em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, pode beneficiar o sistema cardiovascular de ratos espontaneamente hipertensos

Pixabay, arte

Fonte

UFPB | Universidade Federal da Paraíba

Data

quinta-feira, 7 julho 2022 15:40

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Nutrição Funcional

Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e publicado na revista científica Journal of Functional Foods comprovou que o consumo moderado do vinho tinto liofilizado Rio Sol Cabernet-Sauvignon, produzido em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, pode beneficiar o sistema cardiovascular de ratos espontaneamente hipertensos.

A saúde de ratos espontaneamente hipertensos teve melhora após tratamento de seis semanas, com administração intragástrica de 100 ou de 300 mg por dia, do Rio Sol Cabernet-Sauvignon.

A terapia conseguiu reduzir a pressão arterial e a hipercontratilidade vascular, que é quando um vaso sanguíneo tem um aumento da sua capacidade contrátil. Além disso, os ratos apresentaram melhoria na função endotelial de vasos de resistência.

O endotélio, camada celular que reveste interiormente os vasos sanguíneos e linfáticos, tem propriedades importantes como a manutenção da circulação sanguínea, regulação do tônus vascular, permeabilidade microvascular, sinalização e resposta inflamatória e angiogênese vascular, processo de formação de vasos sanguíneos a partir de vasos preexistentes.

A ingestão crônica do vinho tinto Rio Sol Cabernet-Sauvignon também diminuiu a espessura da parede dos vasos sanguíneos, a relação da camada média-lúmen de artérias de grande calibre, a deposição vascular de colágeno e o estresse oxidativo dos vasos sanguíneos.

O vinho tinto liofilizado Rio Sol Cabernet-Sauvignon também atenuou a hiperagregação plaquetária, que é quando existe um aumento da capacidade de agregação das plaquetas. Do mesmo modo, mitigou a geração de Substâncias Reativas de Oxigênio (ROS), compostos químicos altamente instáveis, derivados do oxigênio, e responsáveis pela formação de radicais livres.

Esses radicais livres podem contribuir para o surgimento de problemas de saúde, como o enfraquecimento do sistema imunológico, o envelhecimento e distúrbios como artrite, arteriosclerose e catarata.

Esses benefícios na saúde de ratos espontaneamente hipertensos ocorreram por causa da presença de, no mínimo, 16 diferentes compostos fenólicos no vinho tinto liofilizado Rio Sol Cabernet-Sauvignon, como o ácido gentísico, a catequina e o resveratrol.

Esses metabólitos secundários são sintetizados amplamente no reino vegetal e atuam, principalmente, como agentes de defesa, em resposta a estresses causados aos frutos e vegetais, conferindo a eles sabor, aroma, coloração e adstringência. Essas substâncias também têm diversas propriedades vasodilatadoras, como diminuição da pressão arterial e facilitação da passagem do sangue através dos vasos sanguíneos.

A identificação desses compostos fenólicos se deu por meio do uso de cromatografia líquida de alta eficiência, que tem como princípio básico a separação de determinadas misturas.

“A ingestão crônica do liofilizado do vinho tinto foi capaz de reverter/atenuar as alterações estruturais nos vasos dos animais hipertensos. Este efeito parece ser devido à redução da produção de espécies reativas de oxigênio e, consequentemente, menor estresse oxidativo nestes tecidos vasculares”, afirmou o professor Dr. Isac Medeiros, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB e um dos autores do estudo.

Segundo o cientista da UFPB, as células endoteliais produzem e, dependendo do estímulo recebido, liberam fatores que levam à contração ou relaxamento das células do tecido muscular liso dos vasos. O desequilíbrio na produção de substâncias pelo endotélio causa várias condições e doenças como isquemia, trombose, aterosclerose, hipertensão arterial, inflamação e crescimento tumoral.

“A disfunção endotelial é caracterizada, principalmente, por alterações nas ações do endotélio que envolvem redução de vasodilatação e indução de estado pró-inflamatório ou pró-trombótico. Devido à sua importância clínica, a disfunção endotelial é considerada preditora independente de risco cardiovascular. Adicionalmente, pode ser observada também em doenças não-cardiovasculares, como as reumáticas e autoimunes, explicou o Dr. Isac Medeiros.

Conforme o docente, na França e demais regiões produtoras de vinho tinto, que ficam nos paralelos [linhas imaginárias que circulam a Terra no sentido leste–oeste] ideais para a produção da uva, o cultivo do fruto da videira é feito de uma maneira muito singular.

O Vale do São Francisco, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, é uma região completamente fora destes paralelos e lá a uva é produzida através de estresse hídrico, ou seja, até uma determinada fase do ciclo evolutivo da planta, há irrigação à vontade e, em determinado momento, o fornecimento é interrompido.

Esse processo gera um estresse na planta, fazendo com que ela produza metabólitos secundários. “O objetivo do nosso estudo foi saber se esta forma de cultivo e produção da uva poderia alterar o conteúdo em substâncias fenólicas e, consequentemente, interferir na ação cardioprotetora do vinho”, revelou o pesquisador da UFPB.

O Dr. Isac Medeiros explicou que, de acordo com a literatura científica, a equipe de pesquisadores da UFPB já tinha conhecimento de que a uva da região de Petrolina era capaz de produzir substâncias fenólicas facilmente extraídas pelo processo de fermentação e produção do vinho.

“Os achados do estudo publicado demonstram que vinhos produzidos no Vale do Rio São Francisco, em suas condições ambientais particulares, retêm a mesma proteção observada em muitos vinhos de outras partes do mundo, incluindo a França. No entanto, salientamos que este estudo foi realizado em nível pré-clínico e, para inferirmos sobre benefícios reais para a saúde humana, será preciso realizar estudos clínicos”, ponderou o professor Isac Medeiros.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPB.

Fonte: Pedro Paz, Edição: Aline Lins – UFPB. Imagem: Pixabay, arte.

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