Notícia
Comida caseira: uma estratégia para o combate de doenças crônico-degenerativas
Para promover a cozinha caseira como estratégia dietética é necessário entender como a cozinha impacta o valor nutricional dos alimentos, em especial de compostos bioativos
Pixabay
Fonte
FoRC Centro de Pesquisa em Alimentos
Data
segunda-feira, 30 maio 2022 15:40
Áreas
Ciência e Tecnologia de Alimentos . Gastronomia. Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional. Saúde Pública
Artigo do FoRC Centro de Pesquisa em Alimentos – Alimentos sem Mito – do Dr. José Fernando Rinaldi de Alvarenga que atualmente realiza pós-doutorado no Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC).
“Cozinhar nos fez evoluir. O preparo dos alimentos influenciou a evolução do nosso sistema gastrointestinal, diminuindo a energia necessária para a digestão, o que tornou possível o desenvolvimento de um cérebro superior ao de outros primatas.
Historicamente, a civilização humana desenvolveu diferentes técnicas culinárias para conseguir otimizar a extração de nutrientes de uma escassa fonte de alimentos. Durante muito tempo, alimentos foram cortados, macerados, fermentados, fervidos, assados…, técnicas pelas quais foi possível otimizar o aproveitamento de macro e micronutrientes e a obtenção de energia. Entretanto, o uso dessas técnicas culinárias e o preparo de refeições caseiras, feita a partir de ingredientes preferencialmente naturais, vem diminuindo a cada dia.
Desde meados do século XX, as pessoas passaram a cozinhar menos. A vida moderna requer alimentos semiprontos ou prontos para consumo, o que nos afasta da cozinha caseira tradicional, contribuindo para uma alta ingestão calórica que pode induzir a doenças relacionadas com a dieta, tais como diabetes e obesidade.
O incentivo a comida caseira vem sendo utilizado como estratégia para combater doenças crônico-degenerativas e a má alimentação. Estudos apontam que a comida caseira está diretamente ligada a um maior consumo de frutas e hortaliças, melhora na qualidade da dieta, e na diminuição do índice de massa corpórea.
Pessoas que preparam suas refeições não apresentam apenas melhoras nas condições de saúde, mas também sociais, sendo mais próximas de sua identidade cultural, do convívio familiar e das relações interpessoais.
Cozinhar em casa é mais frequente por razões sociais do que para si próprio. Todavia, esse hábito é dificultado com a restrição de tempo, as longas jornadas de trabalho, a falta de habilidades na cozinha e até por questão de gênero. O saber do cozinhar, passado de geração para geração, teve seu ciclo interrompido. As novas gerações estão perdendo esse aprendizado e toda a educação nutricional por detrás dele.
Para promover a cozinha caseira como estratégia dietética é necessário entender como a cozinha impacta o valor nutricional dos alimentos, em especial de compostos bioativos. Estudos revelam que diferentes técnicas culinárias influenciam o conteúdo de compostos bioativos que ajudam na promoção a saúde. Entretanto, precisamos de resultados mais sólidos nos estudos para elaborar recomendações. Não podemos pensar apenas em preservar esses compostos nos alimentos. Precisamos também, identificar como a estrutura e a biodisponibilidade desses nutrientes são afetados.
No caso de compostos apolares, como carotenoides e vitaminas lipossolúveis, ferver e cozinhar a vapor são as técnicas que melhor preservam esses compostos. Por outro lado, há uma perda considerável deles quando preparados no micro-ondas e fritos. Técnicas que utilizam o óleo para cozinhar, como o refogado e molhos, são interessantes porque extraem melhor os carotenoides dos alimentos e aumentam sua biodisponibilidade. Já para compostos polares, como os fenólicos, a cocção a vapor parece ser a mais indicada, uma vez que assar, ferver e preparar por micro-ondas diminuem sua presença nos alimentos. No cozimento, poderia haver uma perda, ainda que pequena, desses compostos, que se oxidam e são perdidos na água com a fervura.
Portanto, assim como variar os alimentos que consumimos é importante para obter diferentes fontes de nutrientes, variar as técnicas culinárias e as combinações delas em uma refeição podem ser importantes para evitar as perdas por alguns processos. É necessário destacar que a cozinha não pode ser apenas nutritiva. Deve levar em conta também o prazer sensorial. Não existe técnica melhor ou pior e sim a que nos traz prazer ao comer, aquela que nos remete à memória afetiva da receita preferida feita pela avó.”
Acesse a notícia completa na página do FoRC Centro de Pesquisa em Alimentos.
Fonte: José Fernando Rinaldi de Alvarenga, Centro de Pesquisa em Alimentos – Alimentos sem Mito. Imagem: Pixabay.
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