Notícia
Peptídeo com ação antiobesidade é testado com sucesso em animais
Em camundongos alimentados com dieta hipercalórica, a molécula atenuou o ganho de peso, amenizou a resistência à insulina e o acúmulo de gordura no fígado
Pexels
Fonte
Agência FAPESP
Data
terça-feira, 24 maio 2022 09:40
Áreas
Biotecnologia. Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
Estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) mostrou que uma molécula sintética denominada Pep19 age sobre o sistema endocanabinoide, que tem importante função no controle do metabolismo, na regulação do apetite, na lipólise (quebra da gordura) e na liberação de energia.
Divulgado recentemente na revista científica International Journal of Molecular Sciences, o trabalho contou com apoio da FAPESP e a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Málaga (Espanha), Centro Biomédico de Pesquisa de Diabetes e Doenças Metabólicas Associadas (CIBERDEM) (Espanha) e da empresa Proteimax BioTechnology (Israel).
Não é de hoje que os cientistas estão trabalhando em formas de influenciar o funcionamento do sistema endocanabinoide para ajudar as pessoas a perder peso. Em 2008, um fármaco chamado rimonabanto chegou a ser usado com esse objetivo, mas sua venda acabou suspensa no Brasil devido a efeitos colaterais graves, como ansiedade e depressão, em alguns casos com tendência suicida.
De lá para cá, estudos têm sido feitos para descobrir formas mais seguras de transformar o sistema endocanabinoide em um aliado de quem precisa baixar o ponteiro da balança. E o Pep19 – diminutivo de peptídeo DIIADDEPLT – é uma das grandes apostas nessa seara, pois já apresentou bons resultados em testes com animais sem interferir no sistema nervoso central, o que provocaria efeitos colaterais similares aos do rimonabanto.
Desempenho promissor
No estudo recentemente divulgado, os pesquisadores criaram uma versão sintética de um peptídeo naturalmente encontrado em células humanas. O Pep19 é quimicamente idêntico ao peptídeo natural, mas pode ser usado em concentrações mais efetivas para o fim desejado. A molécula foi então testada em 50 camundongos, que foram divididos em dois grupos. Um deles foi alimentado com dieta normal durante 30 dias. O outro recebeu alimentação rica em calorias. Metade dos animais de cada grupo recebeu uma solução salina e a outra metade uma solução salina com Pep19 diluído.
Os resultados do experimento foram bem animadores. Os roedores que receberam a dieta mais calórica acompanhada do Pep19 tiveram o ganho de peso atenuado e diminuição na resistência à insulina – fenômeno que pode levar a problemas como diabetes do tipo 2 e hipertensão, entre outros. Além disso, a molécula reduziu a inflamação no fígado, o acúmulo e a distribuição de gordura no órgão e a atividade da alanina aminotransferase, substância que indica lesões hepáticas.
Outro benefício notado pelos pesquisadores foi que o peptídeo sintético transformou parte da gordura branca (que serve de reserva energética para o organismo) em marrom, o que é muito positivo já que esta tem função termogênica, ou seja, queima calorias para gerar energia e calor, estimulando o processo de emagrecimento.
“Esse processo tem relação com a ativação de um tipo de proteína desacopladora da cadeia respiratória, conhecida pela sigla UCP1. A gordura branca normalmente não produz essa substância, ao contrário da marrom”, disse o Dr. Emer Suavinho Ferro, professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e responsável pelo Laboratório de Farmacologia dos Peptídeos Intracelulares da instituição, que participou da análise. “E pudemos ter certeza dessa relação quando fizemos a análise visual da gordura dos animais e vimos que parte dela estava com um tom bege e, assim, tivemos a indicação de que o Pep19 induzia a ativação da UCP1”, explicou o pesquisador.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Thais Szegö, Agência FAPESP. Imagem: Pexels.
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