Notícia
Carência nutricional pode prejudicar eficácia da vacina contra covid-19 em crianças
Uma criança, para ter uma boa resposta vacinal, precisa ter disponibilidade de proteínas, vitaminas e sais minerais
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Fonte
Jornal da USP
Data
terça-feira, 8 março 2022 06:05
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública
Com a expansão da cobertura vacinal contra a covid-19, o Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) alerta para a importância de garantir o acesso a uma alimentação adequada para que haja maior eficiência na resposta imunológica. O agravo nutricional experimentado pela população brasileira nos últimos anos dificulta a produção de anticorpos pelo organismo, explica a professora Dra. Magda Carneiro-Sampaio, titular de Pediatria da FMUSP e imunologista, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.
A professora conta que, embora a vacina estimule a ação do sistema imune, ela depende de outros fatores para garantir a proteção adequada contra agentes infecciosos. “Em um primeiro momento, ocorre a proliferação dos chamados clones de linfócitos T ou B no organismo. São eles que, em sua fase mais diferenciada, irão produzir os anticorpos, que são formados por proteínas.” Desse modo, a ingestão de aminoácidos, unidade básica de estruturas proteicas, se faz necessária para gerar e liberar linfócitos na circulação sanguínea, onde eles poderão detectar agentes estranhos e facilitar sua destruição.
“A preocupação é que a população vive um momento de muita carência. Há índices crescentes de famílias em situação de risco alimentar, passando fome ou restrições muito graves de alimentos de grande valor nutricional”, aponta a Dra. Magda. Segundo o Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado em abril de 2021, entre os mais de 116 milhões de brasileiros consultados pelo estudo, 43 milhões não tinham alimento em quantidade suficiente e 19 milhões enfrentavam a fome. Além disso, 16,2% das moradias possuíam residentes com idades entre 5 e 17 anos. “Uma criança, para ter uma boa resposta vacinal, precisa ter disponibilidade de proteínas, vitaminas e sais minerais. Esses nutrientes vêm de alimentos caros, como o leite, carne e frutas.”
Para a pediatra, a volta às aulas é uma oportunidade de melhorar ou reforçar a alimentação infantil. “Seria muito interessante que a escola oferecesse duas refeições boas, e não apenas lanchinhos. Isso ajuda a família a ter um pouco mais condições para comprar bons alimentos para as outras crianças da casa”, disse a Dra.Magda, que continua: “Poderia existir, inclusive, algum tipo de programa para que as crianças na escola, se têm algum irmão, possam levar comida para casa, para sua família toda”.
Ademais, a alimentação insuficiente torna os jovens mais suscetíveis a infecções e doenças. “A falta de nutrientes não apenas impede que a criança tenha uma reação adequada a vacinas, como também induz uma menor resposta do organismo ao invasor diretamente.” A Dra. Magda finaliza afirmando que, embora as perspectivas a curto prazo para a resolução do problema não sejam animadoras, é necessário encará-lo com certa urgência. A desnutrição pode causar deficiências significativas ao organismo na fase adulta.
Acesse a notícia na página do Jornal da USP.
Fonte: Jornal da USP. Imagem: Pexels.
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