Notícia

Risco de compulsão alimentar é maior em quem faz dieta sem supervisão profissional

Praticantes de dieta sem acompanhamento profissional estão mais sujeitos a compulsão alimentar

Polina Tankilevitch, via Pexels

Fonte

Jornal da USP

Data

sexta-feira, 18 fevereiro 2022 12:40

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina (FMUSP) com estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade buscou entender o comportamento alimentar e a presença de desejos intensos por comida e distúrbios alimentares nos adeptos de dietas sem supervisão profissional.

A partir de um questionário on-line respondido anonimamente por mais de 800 universitários, compreendendo o período anterior à pandemia e também o atual, foi possível encontrar dados alarmantes sobre a relação entre a prática não supervisionada de dietas e a maior ocorrência de comportamentos de risco para transtornos alimentares. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Jônatas de Oliveira, Leandro Figueiredo e Dr. Táki Athanássios Cordás.

Jônatas de Oliveira, nutricionista e pesquisador colaborador do Programa de Transtornos Alimentares (Ambulim) do Instituto de Psiquiatria (IPq), explica ao Jornal da USP que 25% dos universitários responderam que haviam aderido à dieta low carb, com baixa proporção de carboidratos, nos últimos três meses e 7,5% disseram apresentar práticas compensatórias a essa alimentação, como o uso de laxantes e o vômito induzido. Nenhum deles era acompanhado por um profissional.

Além disso, mais da metade dos praticantes da dieta low carb manifestou que sentia culpa após comer carboidratos e que se preocupava com peso e forma corporal, sendo que esse grupo de pessoas demonstrou maior consumo de alimentos como chocolate e menor ingestão de arroz e pão francês, em comparação com o grupo que não aderia à dieta.

O pesquisador contou que foram encontrados grandes níveis de desejo intenso por comida nos adeptos da low carb e também do chamado jejum intermitente. “Esse desejo pode ser definido como um evento cognitivo no qual existe um alvo apetitoso, recrutando uma série de componentes neurais”, disse Oliveira.

Porém, como se trata de um contexto de restrição do consumo de certos alimentos, surgem pensamentos de autocontrole no indivíduo, gerando a chamada restrição cognitiva. E essa restrição mobiliza processos atencionais voltados a um alimento que não pode ser ingerido.

“Conseguimos mostrar nesta pesquisa que o conflito entre o desejo por comida e a restrição cognitiva estava amparando a ocorrência de compulsões alimentares, pelo simples fato de as pessoas estarem fazendo a dieta low carb sem supervisão de um profissional”, comentou o pesquisador.

Segundo ele, pesquisas anteriores feitas no Brasil já apontavam para a alta prevalência de transtornos alimentares nos universitários, o que foi confirmado pelo novo estudo.

A pandemia de covid-19 se tornou um fator agravante desse cenário, favorecendo a ocorrência dos transtornos. Em um desdobramento mais recente da pesquisa, os indivíduos que estavam em isolamento social foram avaliados e aqueles que praticavam dieta durante a quarentena mostraram alta prevalência de risco para transtornos alimentares e desejos intensos por comida.

“Em sua maioria, eram pessoas que tinham planos de emagrecimento; veio a pandemia, e elas continuaram nessa prática em um contexto de restrição pela própria crise sanitária, o que colaborou para a ocorrência de comportamentos transtornados”, explicou Oliveira.

Possibilidades de ação

Como o pesquisador ressalta, embora o estudo tenha sido baseado em um questionário com autopreenchimento pelos participantes, o que não permite um diagnóstico definitivo, para ele, é necessário repensar a abordagem institucional frente a essa questão.

Jônatas de Oliveira apontou algumas possibilidades de ação da Universidade para amenizar a situação: “Formar grupos de atendimento para esses pacientes, priorizar a saúde dos universitários e reconhecer que tais práticas transtornadas e o sofrimento decorrente podem piorar a atuação acadêmica e profissional deles, além de trazer essa temática para o debate cotidiano.”

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Gabriel Gama Teixeira, Jornal da USP. Imagem: Polina Tankilevitch, via Pexels.

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