Notícia
Estudo pioneiro revela padrão de alimentação de crianças de até cinco anos de idade no Brasil
Mais de 12 mil domicílios brasileiros foram visitados, entre fevereiro de 2019 e março de 2020, e 14.558 crianças menores de cinco anos participaram do estudo
Pexels
Fonte
UERJ | Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Data
terça-feira, 8 fevereiro 2022 16:55
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública
Longas distâncias, problemas com a falta de segurança pública e de acesso a áreas conflagradas, base de dados censitária desatualizada, desconfiança da população, fake news. Esses são alguns dos inúmeros desafios superados pela equipe responsável pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), da qual a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) faz parte.
O Enani revela uma fotografia atualizada da situação alimentar das crianças de até cinco anos no Brasil e comprova que a universidade pública brasileira tem capacidade para realizar projetos de grande porte e extrema relevância para o país. Mais de 12 mil domicílios brasileiros foram visitados, entre fevereiro de 2019 e março de 2020, e 14.558 crianças menores de cinco anos participaram do estudo. Ao todo, 123 municípios foram pesquisados, sendo todas as capitais estaduais e o Distrito Federal, e demais cidades escolhidas por sorteio.
O Dr. Gilberto Kac, coordenador do Enani-2019, explica que esta “é a primeira pesquisa com representatividade nacional a avaliar, simultaneamente, nessa faixa etária, práticas de aleitamento materno, alimentação complementar e consumo alimentar individual, estado nutricional antropométrico [dados referentes às medidas e dimensões das diversas partes do corpo] e deficiências de micronutrientes. O estudo com abrangência nacional mais recente era de 2006 e abordava exclusivamente anemia e carência de vitamina A. Agora, novas evidências científicas estão disponíveis para apoiar políticas públicas de saúde”, concluiu o pesquiador.
A coordenação do estudo é feita pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a UERJ, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), e conta com a parceria de dezenas de universidades e instituições públicas de todo o Brasil. A pesquisa está apoiada em três grandes eixos:
1) Avaliação das práticas do aleitamento materno, alimentação complementar e do consumo alimentar;
2) Avaliação do estado nutricional a partir da antropometria, que são os dados de medida do corpo; e
3) Prevalência de carências de micronutrientes a partir da avaliação bioquímica.
O Enani foi encomendado pelo Ministério da Saúde por meio de um edital, lançado em 2017, e com recursos alocados desde então. A Dra. Inês Rugani, professora do Instituto de Nutrição da UERJ e membro da Coordenação do Enani, avalia que “a forma de contratar o estudo foi correta desde o início, o que permitiu sua conclusão sem depender de repasses ou sofrer cortes e bloqueios com trocas de governo e comandos. Foi um trabalho financiado com recursos públicos por meio de agência de fomento”.
O trabalho se intensificou a partir de 2018, ano dedicado ao planejamento e, em 2019, os pesquisadores foram às ruas para a fase de execução. Com o avanço da Covid-19 no território brasileiro, a decisão foi de encerrar o estudo que já se aproximava de sua fase final e recalibrar a amostragem. Entendeu-se que o ideal era fechar o levantamento de dados e apurar os resultados como um retratado da situação antes do agravamento dos casos da doença causada pelo novo coronavírus.
“A conclusão foi que não se sabia quanto tempo a pandemia duraria, e decidir pelo corte evitou que a base fosse ‘manchada’ ou ‘afetada’ por uma situação totalmente atípica. E vemos que foi a decisão mais acertada. No futuro, uma nova pesquisa vai ter condições de expor o impacto causado pelo novo coronavírus e mostrar um comparativo entre o antes e depois”.
Os resultados do estudo estão sendo lançados em etapas por meio de webinários chamados “Encontros Enani-2019”. A sexta publicação, que está sendo lançada agora, aborda indicadores do estado nutricional e antropométrico das crianças e das mães. Em 2021, cinco relatórios temáticos foram divulgados para apresentar os dados apurados a partir das pesquisas em campo. Já estão abertos e disponíveis no site do Estudo Nacional os temas:
2) Características demográficas e socioeconômicas;
3) Biomarcadores do estado de micronutrientes;
4) Aleitamento Materno; e
Os resultados do estudo da alimentação infantil também revelaram dados sobre as famílias. E são situações alarmantes, como a constatação de que, ainda antes da pandemia, “metade das famílias brasileiras com crianças até cinco anos experimentam algum grau de insegurança alimentar. Por outro lado, os exames de sangue realizados nas crianças apontam que a insuficiência de vitamina D na faixa etária até cinco anos “não é um problema de saúde pública no Brasil e que a prevalência da deficiência de vitaminas e minerais reflete as desigualdades socioeconômicas do país”. Estas informações e conclusões já foram submetidas ao Ministério da Saúde e embasam políticas públicas visando garantir a segurança alimentar e nutricional das crianças brasileiras.
Acesse a notícia completa na página da UERJ.
Fonte: Diretoria de Comunicação da UERJ. Imagem: Pexels.
Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar