Notícia
Transtornos alimentares podem esconder diagnóstico de autismo
O estudo descobriu que indivíduos autistas relataram níveis mais altos de comportamento alimentar problemático do que indivíduos não autistas, e também relataram maiores preocupações com peso e forma
Pixabay
Fonte
Universidade Flinders
Data
quinta-feira, 3 fevereiro 2022 10:25
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
Jovens com transtornos alimentares também podem ter transtorno do espectro autista subjacente e não diagnosticado, de acordo com pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália.
Liderado pela professora Dra. Robyn Young da Faculdade de Educação, Psicologia e Serviço Social, um novo estudo se propôs a entender melhor a ligação entre autismo e transtornos alimentares.
“Pesquisas mostraram que transtornos alimentares e autismo podem ocorrer concomitantemente, com pessoas com transtornos alimentares sendo encaminhadas para consideração de um diagnóstico de autismo com frequência crescente”, disse a professora Young.
“Quando consideramos as características comportamentais do autismo, como ser seletivo quanto aos alimentos e texturas, recusar alimentos ou ser exigente com o tipo ou cor dos utensílios utilizados, é plausível sugerir que esses comportamentos possam eventualmente levar a um transtorno alimentar”, completou a Dra. Young.
Os pesquisadores dizem que os médicos que podem estar preparados para diagnosticar uma condição, dada a importância de comportamentos específicos, podem perder a condição concomitante.
“Isso pode criar um problema em termos de tratamento. Se de fato o autismo for a causa do transtorno alimentar e o autismo for identificado, a intervenção precisará ser modificada com esse diagnóstico em mente”, disse a Dra. Young.
Publicado na revista científica Advances in Neurodevelopmental Disorders, a professora Young e sua equipe entrevistaram 74 jovens autistas e 40 não autistas com idades entre 18 e 25 anos sobre seu comportamento alimentar para entender melhor a relação entre autismo e transtornos alimentares.
O estudo descobriu que indivíduos autistas relataram níveis mais altos de comportamento alimentar problemático do que indivíduos não autistas, e também relataram maiores preocupações com peso e forma.
Os autores dizem que a última descoberta foi um tanto inesperada, sugerindo que, embora o autismo possa sustentar a alimentação desordenada em alguns casos, outros comportamentos mais exclusivos da anorexia, como preocupações com a imagem e a forma do corpo, também estão presentes.
“Nossos resultados sugerem que indivíduos autistas provavelmente experimentarão comportamentos alimentares focados no autismo, em vez de comportamentos típicos de transtorno alimentar”, disse a professora Dra.Young.
Os pesquisadores dizem que o que é necessário é o desenvolvimento de diretrizes de melhores práticas para o tratamento de transtornos alimentares entre pessoas no espectro do autismo, já que essas diretrizes não existem atualmente, embora mais pesquisas sejam necessárias.
“Sabemos que a presença simultaneamente de autismo e anorexia nervosa tem sido associada a pior saúde mental e pior prognóstico, o que sugere que os tratamentos existentes para anorexia podem precisar ser adaptados para serem eficazes entre uma população autista”, disse a Dra. Young.
“Mais pesquisas são necessárias para identificar e medir os comportamentos alimentares impulsionados pelo autismo, para que as diretrizes de tratamento possam ser desenvolvidas para abordar a combinação única de sintomas em indivíduos com autismo e transtornos alimentares. Os profissionais de saúde devem estar cientes de que essas condições ocorrem simultaneamente e considerar o diagnóstico antes de iniciar o tratamento”, completou a Dra. Young.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Flinders (em inglês).
Fonte: Universidade de Flinders. Imagem: Pixabay.
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