Notícia

Pesquisadores estudam se células de gordura são a fonte dos fatores inflamatórios que agravam a COVID-19

Resultados preliminares confirmam que o novo coronavírus pode ser encontrado no interior da célula de gordura, mas o que ainda falta ser confirmado é se o novo coronavírus consegue permanecer e se replicar dentro da célula

Pixabay

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira, 3 novembro 2020 10:30

Áreas

Nutrição Clínica

Há cada vez mais evidências de que o tecido adiposo desempenha um papel-chave no agravamento da COVID-19. Uma das teorias em investigação é a de que os adipócitos servem como reservatório para o SARS-CoV-2, contribuindo para aumentar a carga viral de indivíduos obesos ou com sobrepeso. Além disso, os cientistas desconfiam que, durante a infecção, as células de gordura liberam na corrente sanguínea substâncias que amplificam a reação inflamatória desencadeada pelo vírus no organismo.

Essas hipóteses estão sendo investigadas por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), sob a coordenação da professora do Departamento de Cirurgia Dra. Marilia Cerqueira Leite Seelaender. O projeto conta com a colaboração do Dr. Peter Ratcliffe, professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e um dos premiados com o Nobel de Medicina em 2019.

“Já foi demonstrado que no organismo de pacientes com COVID-19 ocorre uma tempestade de citocinas que resulta em inflamação sistêmica similar à sepse. Nós acreditamos que esses fatores inflamatórios estão vindo do tecido adiposo. Já foi demonstrado que os adipócitos quando se expandem demasiadamente tornam-se capazes de promover inflamação no corpo todo, até mesmo no cérebro”, afirma a Dra. Marília Seelaender à Agência FAPESP.

O grupo da FM-USP tem analisado amostras de tecido adiposo de pessoas que morreram de COVID-19, obtidas durante autópsia, e também de pacientes infectados com o SARS-CoV-2 que precisaram ser submetidos a cirurgias de emergência (sem relação com a infecção, por exemplo, casos de apendicite) no Hospital Universitário da USP.

Resultados preliminares confirmam que o novo coronavírus pode ser encontrado no interior da célula de gordura, cuja membrana externa é rica em ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês). Essa proteína é a principal “porta” usada pelo SARS-CoV-2 para invadir as células humanas. O que ainda falta ser confirmado é se, além de entrar no adipócito, o novo coronavírus consegue permanecer e se replicar dentro da célula.

“Uma coisa interessante de ressaltar é que o adipócito visceral [que compõe a gordura que se acumula entre os órgãos] tem muito mais ACE2 que o do tecido adiposo subcutâneo. Além disso, é muito mais inflamatório. Portanto, a obesidade visceral tende a ser ainda mais prejudicial no que diz respeito à COVID-19”, explica a pesquisadora.

Os primeiros achados do trabalho revelam ainda que no tecido adiposo de pessoas infectadas há mudança no padrão de secreção de exossomos – pequenas vesículas que a célula libera na circulação e que podem conter moléculas sinalizadoras de diversos tipos. Esse é um dos mecanismos que permitem a troca de informações entre diferentes tecidos, visando adaptar o corpo a eventuais mudanças no ambiente.

Um dos objetivos da pesquisa conduzida na FM-USP é confirmar se a infecção pelo SARS-CoV-2 faz os adipócitos liberarem mais exossomos contendo fatores inflamatórios. As análises já feitas revelaram que há um aumento no número de vesículas liberadas na circulação. Agora, os pesquisadores pretendem fazer a caracterização do conteúdo dessas vesículas – tanto as circulantes quanto as encontradas dentro das células. Além disso, pretendem investigar as vias de inflamação supostamente ativadas por essas moléculas.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Karina Toledo, Agência FAPESP. Imagem: Pixabay.

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