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Síndrome do Comer Noturno pode estar associada ao estresse

A síndrome do comer noturno tem episódios recorrentes de comer à noite, manifestados por fome após despertares noturnos ou exagerado consumo de comida após o jantar

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Fonte

UFSM | Universidade Federal de Santa Maria

Data

sexta-feira, 23 outubro 2020 11:05

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Cerca de 4,7% dos brasileiros sofrem de transtornos alimentares, conforme dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano. Entre os adolescentes, o índice pode chegar a 10%. Com importante impacto na saúde pública, esses comportamentos são complexos ao envolverem aspectos metabólicos, fisiológicos e ambientais. Se a má relação com a comida pode ser novidade para alguns, as pessoas com transtornos alimentares têm tido o risco maior de recaídas durante isolamento físico, medida de controle da pandemia da Covid-19.

Fazer uma ‘boquinha’ no meio da noite

A síndrome do comer noturno (SCN) foi incluída na 5ª edição do Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSM-5) como um padrão alimentar anormal na seção de “Outros transtornos da Alimentação Especificados”. A síndrome ainda não tem critérios diagnósticos bem definidos. Assim, permanecem em aberto as definições quanto ao tempo mínimo de sintomas e a frequência com que deveriam ocorrer, explica a nutricionista e professora  Dra. Greisse Viero da Silva Leal do Departamento de Alimentos e Nutrição da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Palmeira das Missões.

Segundo o DSM-5, a síndrome tem os seguinte características: episódios recorrentes de comer à noite, manifestados por fome após despertares noturnos ou exagerado consumo de comida após o jantar. Esse comportamento não ocorre por influências externas – como mudanças no ciclo de sono ou hábitos sociais -, como em outros problemas relacionadas à alimentação. O problema está associado ao estresse e, apesar de apresentar um padrão desorganizado, diferencia-se do transtorno da compulsão alimentar (TCA) por ocorrer exclusivamente à noite, com episódios de urgência alimentar e o condicionamento do sono com o ato de comer. A SCN não pode ser considerada um hábito, pois se trata de um transtorno, conforme reforça a professora Dra. Greisse Viero.

A estudante Fernanda Vargas, do curso de Odontologia, desconhece a síndrome, mas revela que, muitas vezes, acorda de madrugada com fome e acaba “jantando de novo” ou até comendo outras coisas, incluindo doces. Fernanda sabe que pode prejudicar sua saúde por não comer nos horários corretos.

Estudos sobre transtornos alimentares

O psiquiatra estadunidense Dr. Albert Stunkard foi um dos pioneiros no estudo de transtornos alimentares. Em 1955, o médico descreveu, em um artigo, um padrão alimentar característico de certos pacientes obesos em clínica especializada no New York Hospital. O Dr. Stunkard apresentou, em 1959, a síndrome do comer noturno e a síndrome da compulsão alimentar – denominada, posteriormente, transtorno de compulsão alimentar.

Os dois males estão associados ao sobrepeso e à obesidade, porém se diferenciam pelo horário da ingestão de comida. Enquanto a compulsão compreende episódios de alimentação excessiva descontrolada sem comportamentos compensatórios inapropriados, a síndrome do comer noturno tem como critério definidor o ‘assalto à geladeira de madrugada’.

Urgência em comer

A relação com a comida simboliza um dos primeiros vínculos do sujeito com o meio externo, como evidenciado desde a amamentação. “O ato de se alimentar passa a ser interligado, além de uma necessidade física, ao afeto, como se elucida em muitos indivíduos que, quando perpassados por momentos de estresse e angústia, passam a ter uma relação diferente com a alimentação, com uma ingestão em excesso ou reduzida”, afirma a psicóloga e doutoranda em Psicologia pela UFSM, Luisa da Rosa. Dessa maneira, o comportamento alimentar se associa naturalmente à ordem psíquica e relacional, e pode acarretar prejuízos à saúde integral, quando não há controle ou traz sofrimento, características dos transtornos alimentares.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Santa Maria.

Fonte: Milena Bittencourt – Editor Chefe: Maurício Dias, Revista Arco, UFSM. Imagem: Freepik.

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