Notícia

Níveis mais altos de vitamina D no útero podem ajudar a combater a pressão alta em crianças

Pesquisadores analisaram dados coletados em 754 pares de mãe e filho, incluindo informações sobre pré-eclâmpsia durante a gravidez, testes de sangue do cordão umbilical ao nascimento e a pressão arterial de crianças de 3 a 18 anos

Ryan Franco, Unsplash

Fonte

Universidade Johns Hopkins

Data

sexta-feira, 9 outubro 2020 07:30

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Materno Infantil

Embora os filhos de mães com pré-eclâmpsia tenham mais probabilidade de desenvolver hipertensão, um novo estudo publicado na revista científica JAMA Network Open, realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, sugere que a associação adversa pode ser reduzida ou mesmo eliminada para crianças expostas a níveis mais elevados de vitamina D no útero.

“Há evidências crescentes de que o risco de doença cardiovascular é, em grande medida, programado no útero, e agora vemos que pode ser a vitamina D que altera essa programação de maneira benéfica”, disse o Dr. Noel Mueller, autor sênior do estudo e professor do Departamento de Epidemiologia da Universidade Johns Hopkins.

A pré-eclâmpsia – pressão alta durante a gravidez e que pode causar acidentes vasculares cerebrais ou falência de órgãos – é uma das principais causas de morte para mulheres grávidas e também está associada a um maior risco de natimortos e prematuros. Os pesquisadores estimam que a pré-eclâmpsia ocorre em 2 a 8% das gestações em todo o mundo. A condição está associada à obesidade materna e a taxa de pré-eclâmpsia grave nos EUA aumentou drasticamente desde os anos 1980.

Ao mesmo tempo, a taxa de hipertensão entre crianças nos EUA aumentou cerca de 40% entre 1988 e 2008. Estudos sugerem que a pré-eclâmpsia materna pode ser um fator decisivo desse aumento. Estudos também relacionaram a deficiência de vitamina D materna a um risco maior de pré-eclâmpsia e sugeriram que níveis mais baixos de vitamina D na idade adulta ou mesmo no início da vida trazem um risco maior de hipertensão.

“Queríamos saber se os níveis de vitamina D no útero modificariam essa associação entre a pré-eclâmpsia materna e a hipertensão na infância”, disse Mingyu Zhang,  doutorando e primeiro autor do estudo.

Para pesquisar essa questão, a equipe analisou dados que foram coletados em 754 pares de mãe e filho de 1998 a 2018 em um grande estudo epidemiológico conduzido no Centro Médico de Boston, em Massachusetts. O conjunto de dados incluiu informações sobre pré-eclâmpsia durante a gravidez, testes de sangue do cordão umbilical no nascimento e a pressão arterial das crianças de 3 a 18 anos.

Cerca de 62% das mães do grupo de estudo eram negras e 52% estavam com sobrepeso ou obesas. Estudos anteriores sugerem que mães que eram negras, com sobrepeso ou obesas tinham maior risco de pré-eclâmpsia. Pessoas de pele mais escura que vivem em latitudes mais altas também têm maior probabilidade de serem deficientes em vitamina D – uma molécula derivada do colesterol que está presente em alguns alimentos, mas também é sintetizada na pele com a ajuda da luz ultravioleta.

Aproximadamente 10% das mulheres no grupo de estudo tiveram pré-eclâmpsia, e a análise revelou que seus filhos, em média, tinham pressão arterial sistólica mais alta do que as crianças nascidas de mães que não tiveram pré-eclâmpsia – cerca de 5 pontos percentuais a mais, quando todas as leituras de pressão arterial eram dispostos em uma escala de percentil de 0 a 100.

Os níveis de vitamina D do cordão umbilical modificaram claramente essas associações e de uma maneira relacionada à dose. As crianças na faixa mais baixa de 25% de níveis de vitamina D (“quartil” mais baixo) eram em média cerca de 11 pontos percentuais mais elevados na pressão arterial, se suas mães tivessem pré-eclâmpsia, em comparação com filhos de mães não pré-eclâmpsia.

Para crianças no quartil mais alto de vitamina D, parecia não haver diferença na pressão arterial média se suas mães tinham tido pré-eclâmpsia – em outras palavras, os resultados sugerem que ter níveis de vitamina D relativamente elevados ao nascer, o que poderia ser alcançado por meio de suplementos dietéticos, pode mitigar completamente o risco trazido pela pré-eclâmpsia.

“Se outros estudos epidemiológicos confirmarem esses achados, então estudos clínicos randomizados serão necessários para determinar conclusivamente se níveis mais altos de vitamina D  em mães com risco de pré-eclâmpsia protege contra a hipertensão arterial na infância”, concluiu o Dr. Mueller.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia na página da Universidade Johns Hopkins (em inglês).

Fonte: Jon Eichberger, Universidade Johns Hopkins.  Imagem: Ryan Franco via Unsplash.

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