Notícia
Ciência aponta soluções biológicas para controlar pragas agrícolas
As pragas também podem ser evitadas com o uso de silício, que aumenta a resistência à seca, aos metais pesados, às doenças e às pragas
Wikimedia Commons
Fonte
UFU | Universidade Federal de Uberlândia
Data
sexta-feira, 24 abril 2020 12:30
Áreas
Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciências Agrárias
Os pulgões não têm mais do que 10 milímetros de tamanho, mas são grandes inimigos das plantações de milho, couve e outras culturas. Então, como controlar essa praga? Um estudo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) sugere a utilização de outros organismos, como fungos, bactérias, vírus e vespas, e também do silício.
A pesquisa é coordenada pelo engenheiro agrônomo Dr. Marcus Vinicius Sampaio que, desde 1997, estuda como as vespas parasitoides (Hymenoptera: Braconidae) podem ser utilizadas para controle de pulgões (Hemiptera: Aphididae). Em 2005, o Dr. Marcus Sampaio ingressou no Instituto de Ciências Agrárias (Iciag/UFU) – onde é professor de entomologia, área que estuda os insetos – e passou a integrar o grupo de pesquisa sobre o uso de silício na agricultura.
Como funciona
O pulgão vive sugando a seiva da planta, até que a vespa aparece. A vespa deposita seus ovos no interior do pulgão e, em aproximadamente sete dias, as larvas se desenvolvem. O pulgão continua se alimentando da planta e crescendo, mas sua reprodução já fica comprometida. Quando uma larva atinge seu tamanho máximo, ela come os órgãos internos do pulgão, mata-o, corta o seu ventre e o prende na folha.
O pulgão vira um tipo de múmia, dentro da qual a larva se transforma em pupa até emergir a vespa adulta, que sai em busca de outros pulgões para depositar neles os seus ovos e recomeçar esse ciclo, que dura cerca de 10 a 12 dias em temperaturas amenas.
As pragas também podem ser evitadas com o uso de silício, o segundo elemento mais abundante no planeta (atrás apenas do oxigênio), encontrado em argila, granito e areia, por exemplo. O silício não chega a ser um nutriente essencial para as plantas, mas aumenta a resistência à seca, aos metais pesados, às doenças e às pragas.
“No caso da resistência aos insetos pragas, o silício fica acumulado nas folhas, formando uma barreira física que dificulta a alimentação dos insetos e fere seus sistemas digestórios”, explica o Dr. Marcus Sampaio. O elemento também está envolvido no aumento da produção de substâncias de defesa, produzidas quando a planta é atacada pelos insetos.
Mas, segundo o cientista da UFU, o silício tem ainda uma face menos explorada: a atração dos inimigos naturais das pragas – logo, amigos naturais das plantas. Quando o inseto se alimenta das plantas, são formadas substâncias voláteis, percebidas pelos inimigos naturais, o que os ajuda a localizar a planta atacada e, por sua vez, suas presas e hospedeiros.
O professor Dr. Marcus Sampaio juntou as duas coisas nos seus estudos. Ele e o seu orientando Reinaldo Silva de Oliveira observaram que plantas de trigo adubadas com silício produzem uma substância (geranil acetona) que repele os pulgões e atrai o parasitoide predador deles.
“Não se sabia que o silício poderia ter ação de atração de inimigos naturais em plantas que não foram atacadas pelos insetos. Esses resultados são interessantes, pois ajudam a entender como as plantas utilizam o silício e como podemos manipular esses comportamentos para reduzir as populações das pragas”, explica Sampaio. Esse estudo foi publicado na revista científica PlosOne.
Em outro trabalho, recém-aceito na revista científica Neotropical Entomology, mas ainda não disponível, os pesquisadores constataram que os pulgões que se alimentaram das plantas de sorgo adubadas com silício são um alimento de maior qualidade para o parasitoide. “Então, podemos concluir que o silício pode ajudar na redução dos insetos pragas favorecendo os inimigos naturais.”
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFU.
Fonte: Diélen Borges, UFU. Imagem: Wikimedia Commons.
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