Notícia
Proteína do leite é modificada para aumentar sua digestão em idosos
Além de ser facilmente absorvida pelo organismo, proteína irradiada com luz ultravioleta passou a ter mais qualidade
Henrique Fontes, IQSC
Fonte
Jornal da USP
Data
sábado, 10 agosto 2019 10:25
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
Usando luz ultravioleta (UV), pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP conseguiram modificar uma das principais proteínas do leite, a betalactoglobulina, promovendo um aumento de 50% em sua digestão por idosos. Para transformar a proteína, Juliana Fracola irradiou a proteína com luz UV, gerando uma reação que foi capaz de alterar sua estrutura.
O procedimento foi realizado no trabalho de mestrado de Juliana Fracola, orientado pelo Dr. Daniel Cardoso. Depois da irradiação, a “nova” proteína foi adicionada a uma solução que simula as condições gástricas de idosos da saliva até o estômago, visando a verificar a eficiência do processo digestivo. No teste de laboratório, foi obtido um aumento de 50% na digestão da proteína irradiada em comparação com a que não recebeu ação da luz. O método utilizado na pesquisa também foi aplicado para avaliar o processo digestivo em crianças e adultos, e o aumento na digestão foi de 25%.
Além de ser facilmente absorvida pelo organismo, a proteína irradiada com a luz passou a ter mais qualidade, pois gerou peptídeos (pequenos fragmentos de proteínas) com funções antioxidantes, anti-hipertensivas e ansiolíticas. “Podemos imaginar, por exemplo, que, se uma pessoa consumir certa quantidade dessa proteína diariamente, poderá ter um maior controle da hipertensão”, explica o Dr. Daniel Cardoso.
No trabalho, os pesquisadores utilizaram um tipo de luz ultravioleta conhecida por sua função bactericida e esterilizante, a qual já era empregada no tratamento de alimentos para destruir microrganismos. No entanto, os cientistas não imaginavam que a luz UV poderia facilitar a digestão de proteínas. “A pesquisa mostrou uma alternativa capaz de aliar a produção de alimentos nutritivos, com maior qualidade e altamente digestíveis. Isso será muito benéfico ao processo de envelhecimento da população”, diz Juliana Fracola, que foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A betalactoglobulina é a principal proteína do soro do leite e, devido a sua formação estrutural, associada à menor capacidade de mastigar e à reduzida atividade gástrica de idosos, tem sua digestão dificultada no estômago. Essa resistência, inclusive, pode causar alergias, como se fosse uma resposta do organismo que deseja metabolizá-la, mas não consegue. O leite é composto de água, lipídeos, lactose e proteínas, além de ser fonte de cálcio e vitaminas.
Diversas alterações fisiológicas estão associadas ao envelhecimento, como a osteoporose, mudanças nas funções cerebrais, cardiovascular, metabólica e a aparição de sarcopenia – perda natural e progressiva de força e massa muscular. Todos esses problemas podem diminuir a qualidade de vida e a capacidade dos idosos de realizarem atividades básicas do dia a dia.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Redação, Jornal da USP. Imagem: Henrique Fontes, IQSC
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