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Adolescentes que dispensam o café da manhã podem desenvolver obesidade

Estudo destaca que o hábito de muitos adolescentes de pular o café da manhã guarda relação direta com o aumento da circunferência abdominal e com o aumento no índice de massa corporal (IMC) nesse grupo etário

Pixabay

Fonte

Agência FAPESP

Data

quinta-feira, 25 julho 2019 11:45

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Materno Infantil

Em um trabalho publicado na revista científica Scientific Reports, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e de seis países europeus avaliam comportamentos determinantes para o ganho de peso entre crianças e adolescentes. A obesidade infantil pode favorecer o surgimento prematuro de problemas como o diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

O estudo destaca que o hábito de muitos adolescentes de pular o café da manhã em suas casas antes de seguir para as escolas guarda relação direta com o aumento da circunferência abdominal e com o aumento no índice de massa corporal (IMC) nesse grupo etário. Dispensar a primeira refeição do dia pode levar a uma dieta desequilibrada, além de hábitos nada saudáveis, o que pode tornar os adolescentes vulneráveis ao ganho de peso.

“O principal achado de nosso estudo indica que pular o desjejum está associado a marcadores de adiposidade em adolescentes, independentemente de onde vivem, do tempo de sono ou do sexo”, disse a Dra. Elsie Costa de Oliveira Forkert, epidemiologista e pesquisadora do Grupo de Pesquisa YCare do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP.

“Ao dispensar o café da manhã, milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo podem substituir uma alimentação mais saudável dentro de casa (lácteos, cereais integrais e frutas) pelo consumo, em cafeterias e lanchonetes escolares, de alimentos industrializados muitas vezes hipercalóricos e de baixo valor nutricional, como salgadinhos, doces e refrigerantes, o que está diretamente ligado ao desenvolvimento da obesidade”, disse.

O artigo complementa o trabalho de pós-doutorado da Dra. Forkert, apoiado pela FAPESP, e contou com a colaboração de cientistas da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Grécia e da Itália.

A partir dos dados de dois grandes estudos, um europeu e outro brasileiro, os cientistas avaliaram se os comportamentos relacionados ao equilíbrio energético adotados por esses adolescentes estariam associados a marcadores de adiposidade total e abdominal.

O estudo europeu é o Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence Cross-Sectional Study (Helena-CSS), conduzido entre 2006 e 2007 e que avaliou 3.528 adolescentes de 10 grandes cidades europeias (composto por 52,3% de meninas e 47,7% de meninos, todos entre 12,5 e 17,5 anos), estratificados por idade, sexo, região e status socioeconômico. A coordenação do estudo europeu foi feita pelo professor Dr. Luis Alberto Moreno, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Zaragoza, na Espanha.

Já o estudo brasileiro intitulado Saúde Cardiovascular do Adolescente Brasileiro (BRACAH Study), utilizando metodologia semelhante, avaliou 991 adolescentes (54,5% de meninas e 45,5% de meninos, com idade entre 14 e 18 anos) e foi conduzido em 2007 na cidade de Maringá (PR). Os adolescentes foram avaliados quanto a fatores de risco cardiovascular e comportamentos relacionados à saúde. O estudo BRACAH foi coordenado pelo professor Dr.Augusto Cesar Ferreira de Moraes, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP).

O novo estudo conduzido pela Dra. Forkert avaliou peso e altura, índice de massa corporal (indicador de obesidade geral), circunferência abdominal e relação cintura-altura (indicadores de obesidade abdominal).

“Os comportamentos relacionados ao equilíbrio energético foram medidos por meio de questionário que avaliou, entre outros fatores, o nível de atividade física dos adolescentes (na escola, em casa, nas horas de lazer, no transporte), sendo que um mínimo de 60 minutos por dia de atividade física de moderada a vigorosa foi considerado adequado, enquanto atividade física inferior a 60 minutos ao dia foi considerada insuficiente”, disse a Dra.Forkert.

Para averiguar o comportamento sedentário dos adolescentes, em dias de semana e fins de semana, foi considerado o tempo diário despendido na frente da televisão, do computador ou jogando videogames. O tempo de sono dos adolescentes pesquisados também foi examinado, considerando o tempo de sono habitual, em dias da semana e aos finais de semana.

O questionário de Escolhas e Preferências Alimentares, que explora atitudes e preocupações quanto a alimentação, estilo de vida e alimentação saudável entre os adolescentes, também foi usado para avaliar o consumo de café da manhã, com base no grau de concordância (em uma escala de 1 a 7) com a afirmação “Eu muitas vezes pulo o café da manhã”.

A partir dessas informações os cientistas analisaram se os adolescentes que dispensavem o café da manhã apresentavam, em média, valores maiores nos marcadores de adiposidade em relação aos adolescentes que tomavam o café da manhã.

“Dos comportamentos analisados, relacionados ao equilíbrio energético, o que mais apresentou associação com os marcadores de obesidade foi o comportamento de pular o café da manhã”, disse a Dra. Forkert.

Sedentarismo e mais calorias

Tanto no estudo europeu como no brasileiro, os meninos se mostraram em média mais pesados e mais altos do que as meninas e apresentaram circunferência abdominal igualmente maior.

“Verificamos um aumento médio na circunferência abdominal de 2,61 centímetros e 2,13 centímetros, respectivamente, nos meninos europeus e brasileiros, quando esses têm o hábito de pular o café da manhã”, disse a Dra. Forkert.

Acesse o artigo científico completo.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Peter Moon, Agência FAPESP.  Imagem:Pixabay.

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