Notícia
Pesquisa avalia mastigação de deficientes visuais
Para fonoaudióloga, protocolo de avaliação e orientações facilitaria a intervenção no processo de motricidade orofacial
Antoninho Perri, Unicamp
A deficiência visual não tem uma relação direta com a maneira, muitas vezes considerada inadequada, como pessoas cegas ou com baixa visão costumam se alimentar. Uma série de orientações fonoaudiológicas para o aprendizado da criança cega ou de baixa visão e o desenvolvimento de um protocolo para a avaliação de deficientes visuais, por parte dos profissionais da Fonoaudiologia, poderiam melhorar consideravelmente a vida dessas pessoas e de seus familiares. Esta foi a conclusão da pesquisa de doutorado “Deficiência Visual e Sistema Estomatognático: uma relação de importância para a Fonoaudiologia” realizada pela fonoaudióloga Priscila Amorim, do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação ”Prof. Dr. Gabriel O.S. Porto” (Cepre) da Unicamp. O trabalho foi orientado pela docente Dra.Angélica Maria Bicudo.
“Há uma parcela da população que pode apresentar problemas de mastigação, porém, no caso dos deficientes visuais, estes problemas podem ser agravados pela falta de feedback visual que contribui para ‘regulação do comportamento social’ à mesa”, observa a autora. Ela constatou nos deficientes visuais da pesquisa movimentos corporais associados ao momento de se alimentar como flexão e anteriorização de cabeça, alterações proprioceptivas e contrações musculares exacerbadas. Como explica a fonoaudióloga, a anteriorização de cabeça é uma extensão exagerada da cabeça para frente e alterações proprioceptivas são alterações da sensação e percepção do corpo.
Os deficientes visuais podem mastigar pouco, demorar mais para comer ou comer muito rápido com considerável esforço ao deglutir. “Há relatos de familiares contando situações de desconforto durante a alimentação”, detalha a autora da tese. De todo modo esse comportamento considerado inadequado, parece também existir por conta da falta de orientação e informações qualificadas dos profissionais. Daí a importância de um protocolo de avaliação e orientações fonoaudiológicas.
A pesquisadora acredita que o protocolo facilitaria a intervenção no processo de motricidade orofacial dos deficientes visuais compreendendo as funções de sucção, mastigação, deglutição, fala e respiração. “A partir de uma avaliação adequada e objetiva, o profissional poderia definir melhor um plano terapêutico de atendimento”.
Na tese, Priscila se concentrou nas funções mandibulares de mastigação e deglutição, ambas bastante relacionadas com os aspectos culturais e sociais. A autora questionou a influência da visão nesse processo de aprendizado. Ela selecionou para o trabalho crianças e adolescentes cegos ou com baixa visão entre 11 e 16 anos de idade e que não tivessem nenhuma outra deficiência associada. Durante a avaliação a fonoaudióloga ofereceu alimentos com diferentes consistências: maçã, pão, iogurte e água.
A primeira observação da pesquisa foi que todos os deficientes visuais, antes de levar o alimento à boca, davam leves batidas com ele no lábio superior, testando o tipo de comida. “Quando comemos olhamos para o alimento fazendo uma regulação. De acordo com o que eu enxergo, imprimo uma força maior ou menor para a mastigação. A visão é um regulador que o cego não tem”, ressalta a pesquisadora. “Testar” o alimento no lábio superior funciona também como uma regulação para o cego.
Acesse a notícia completa na página da UNICAMP.
Fonte: Patrícia Lauretti, Unicamp. Imagem: Antoninho Perri, Unicamp.
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