Notícia

De Volta para o Futuro: Excesso de Peso e Câncer Colorretal

As tendências de ocorrência do câncer colorretal em nossa população e a prevalência de fatores de risco como consumo alimentar, atividade física e excesso de peso, podemos imaginar o cenário para o Brasil nas próximas décadas.

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Fonte

Revista Brasileira de Cancerologia 2017: Vol.63 (4) 273 a 275

Data

quinta-feira, 5 julho 2018 10:30

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades

Neste artigo (De Volta para o Futuro: Excesso de Peso e Câncer Colorretal ) do Dr. Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva, da Revista Brasileira de Cancerologia destaca-se:

Obesidade, Sedentarismo e Câncer Colorretal.

Em 2017, a World Cancer Research Fund International (WCRF), conjunto de instituições filantrópicas voltadas para a pesquisa sobre alimentação, nutrição, atividade física e câncer, publicou um relatório sobre câncer colorretal. O relatório atualiza dados de pesquisas anteriormente publicados pela WCRF sobre o tema alimentação, nutrição, atividade física e câncer colorretal. A síntese do relatório aponta que existe evidência convincente de que a atividade física regular reduz o risco de câncer colorretal e de que a gordura corporal, o consumo de álcool e de carne processada aumentam o risco. Segundo o Globocan 2012, o câncer colorretal é o terceiro câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres em todo o mundo. Existe uma grande variabilidade geográfica na distribuição dos casos no mundo, com as regiões mais desenvolvidas do planeta apresentando valores de ocorrência até dez vezes maiores em relação às regiões menos desenvolvidas.

O aumento da incidência do câncer colorretal é considerado um dos mais evidentes marcadores da transição epidemiológica e nutricional decorrentes de mudanças sociais e econômicas que proporcionaram a adoção de estilo de vida de países desenvolvidos em países com, até então, alta incidência de cânceres relacionados a infecções. Por outro lado, a diminuição ou estabilização da incidência acontecem em alguns países desenvolvidos por consequência da introdução do rastreamento, embora as taxas de incidência ainda permaneçam como as maiores do mundo. Os motivos para redução da incidência do câncer colorretal em alguns países ainda não estão bem definidos, entretanto, uma publicação científica recente destaca a importância da detecção precoce com remoção de pólipos precursores do câncer e a redução dos fatores de risco. É provável que a detecção precoce de lesões precursoras tenha contribuído mais para a redução da incidência do que a redução dos fatores de risco nesses países.

Dados relativos à incidência do câncer colorretal nos EUA, em um período de 40 anos (1974-2013), mostram reduções no geral, mas crescimento em adultos jovens (20- 39 anos) em particular. Comparando adultos nascidos por volta dos anos 1950 com aqueles nascidos nos anos 1990, os últimos têm duas vezes mais risco de desenvolver câncer do cólon e quatro vezes mais risco de câncer retal. Em resumo, o que ocorreu nos EUA foi uma queda progressiva no risco de câncer colorretal em gerações sucessivas do final do século XIX até meados do século XX (1950). A partir de então, houve um aumento progressivo do risco até o retorno aos valores de risco do final do século XIX na coorte atual de nascidos.

Embora a ocorrência de herança genética familiar seja mais frequente em adultos jovens com câncer colorretal em relação a um câncer colorretal de ocorrência em idade mais avançada, a maioria dos casos em adultos jovens ainda é esporádico. Uma das possíveis causas do aumento do risco nos adultos jovens parece ser o excesso de peso, decorrente de má alimentação e sedentarismo, conforme estudos de obesidade em diferentes coortes.

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA, em 2013 e 2014, 70,7% dos adultos acima de 20 anos estavam acima do peso e 37,9% eram obesos. Entre adolescentes (12-19 anos), 20,6% da população era obesa5 . No início da década de 1990, nos EUA, a prevalência de obesidade na população acima de 20 anos era próxima de 23%. Após um período de cerca de 25 anos, a prevalência subiu para 38%. Em início de 1990, aproximadamente 18% da população entre 20 e 39 anos era obesa. Em 2013 e 2014, por volta de 34% da população de adulto jovem era obesa. No começo dos anos 1990, cerca de 3% da população era extremamente obesa em comparação com 8% em 2013-20145.

O extraordinário aumento da obesidade na população norte-americana é causado primariamente por influências ambientais no comportamento alimentar e na prática de atividades físicas. Algumas práticas alimentares que influenciam no aparecimento e manutenção de um ambiente pró obesidade são: maior oferta e acesso de alimentos com alto teor calórico como bebidas açucaradas e refrigerantes, pizzas e diferentes “fast-foods”; tamanho excessivo das porções; maior número de refeições realizadas fora de casa, na rua; preço baixo dos alimentos mais calóricos; maior propaganda de alimentos menos saudáveis. Em relação à atividade física, destaca-se maior tempo dedicado às atividades sedentárias como assistir televisão e a utilização de equipamentos eletrônicos; uso excessivo de automóvel como meio de transporte; maior número de postos de trabalho que não demandam atividade física; baixo preço e maior propaganda de automóveis.

Acesse o artigo completo na página da Revista Brasileira de Cancerologia

Fonte: Dr. Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva, Revista Brasileira de Cancerologia, 2017:63(4), 273-275. Imagem: Freepik

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