Notícia

Combinação de microrganismos pode aumentar a produtividade do feijão em até 11%

A coinoculação,  a nova técnica traz vantagens econômicas aos agricultores e ao meio ambiente

Renato Caetano, Embrapa

Fonte

Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

quarta-feira, 23 maio 2018 16:00

Áreas

Agricultura. Agronegócio. Ciências Agrárias

Pesquisadores da Embrapa comprovaram que o feijoeiro-comum, quando coinoculado com Rhizobium tropici e Azospirillum brasiliense, pode atingir níveis de produtividade 11% maiores do que com adubação nitrogenada, com média de produção acima de 3.200 quilos por hectare (ha).

Segundo o pesquisador Enderson Ferreira, da Embrapa Arroz e Feijão (GO), que coordena a pesquisa com a coinoculação, a nova técnica traz vantagens econômicas aos agricultores e ao meio ambiente pela não utilização de ureia e tem potencial para substituir totalmente a aplicação de nitrogênio (N), quando utilizada com os dois microrganismos.

O pesquisador considera que a atuação conjunta do Rhizobium tropici e do Azospirillum brasiliense é uma solução viável na busca de maiores rendimentos. O Azospirillum atua na potencialização do desenvolvimento da planta, principalmente raízes, resultando em melhores condições para que ela estabeleça, então, a simbiose com o Rhizobium na fixação de nitrogênio. Além dessa associação, o maior volume radicular gerado pelo Azospirillum melhora a absorção de água e de nutrientes do solo, aumentando o crescimento da parte aérea e a produção de grãos.

Ganhos de até 114% em Minas Gerais

De acordo com a análise econômica realizada pelo pesquisador em socioeconomia Alcido Elenor Wander e pela analista Osmira Silva, também da Embrapa Arroz e Feijão, os pequenos produtores que adotaram a coinoculação, por exemplo, tiveram um ganho de 13%. Ou seja, cada R$ 1 mil investidos na lavoura retornaram ao agricultor familiar o valor de R$ 1.130,00. Na agricultura empresarial, o rendimento é ainda maior: 90% (em Goiás) e 114% (em Minas Gerais). Traduzindo em moeda, os produtores goianos tiveram retorno de R$ 1.900,00 para cada R$ 1 mil empregados, enquanto o retorno para os mineiros foi de R$ 2.140,00, com o mesmo investimento.

O meio ambiente também é beneficiado pela não aplicação de fertilizantes químicos nas lavouras, enfatiza o pesquisador. Entre as culturas de grãos, na qual se enquadra o feijão, espera-se que o aumento da área cultivada com o uso de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) seja responsável por grande parte do que o governo espera em melhora ambiental. Ou seja, uma redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 36,1% e 38,9% até 2020.

Coinoculação do feijão tiraria 700 mil t de CO2 da atmosfera

Ferreira cita estudos feitos pela Embrapa demonstrando que, se o uso de fertilizante nitrogenado fosse substituído pela coinoculação na área total cultivada com feijoeiro no País, poderia haver uma mitigação de aproximadamente 700 mil toneladas de CO2, o que contribuiria para que se cumprisse 52% da meta estabelecida pelo governo brasileiro.

Segundo estimativas da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), utiliza-se no Brasil, anualmente, 25 Kg/ha. Como a área média plantada no País é de cerca de três milhões de hectares, temos 75 mil toneladas anuais de nitrogênio. Considerando-se a adoção da ureia, cuja tonelada gira em torno de R$1.200,00, e que são necessárias 167 mil toneladas para atender essa aplicação estimada de nitrogênio, o custo final supera os R$ 210 milhões anuais para os produtores brasileiros.

Considerado básico na mesa do brasileiro, o feijão é um dos principais alimentos e a principal fonte de proteína vegetal para milhões de consumidores de famílias de baixa renda, contribuindo com cerca de 28% de toda proteína ingerida pela população. É o que mostra um estudo da pesquisadora Mariângela Hungria, da Embrapa Soja (PR), importante especialista em FBN no Brasil. Segundo dados do pesquisador Alcido Wander, a produção média das lavouras de feijão no Brasil é de 1.068 kg/ha.

Acesse a notícia completa na página da Embrapa.

Fonte: Henrique de Oliveira, Embrapa. Imagem: Renato Caetano, Embrapa

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