Notícia
Silagem para suprir a escassez de pasto
Cuidados da colheita à conservação da forragem
Pixabay
Fonte
Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Data
sexta-feira, 11 maio 2018 16:20
Áreas
Agricultura. Agronegócio. Agronomia
Com a finalização da colheita de verão, os produtores começam os trabalhos na elaboração da silagem de verão (safrinha) e o planejamento da silagem de inverno no Rio Grande do Sul. Garantir forragem conservada em volume e qualidade exige alguns cuidados da colheita à conservação do alimento.
As pastagens são a base da alimentação animal na produção pecuária do Sul do país. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho com forragens armazenadas em forma de silagem, evitando o uso de grãos e outros suplementos que podem aumentar o custo de produção em até quatro vezes.
Silagens são forragens úmidas, conservadas em ambiente anaeróbio (sem oxigênio), que formam um alimento energético para suplementação alimentar de ruminantes domésticos, como bovinos e ovinos. A silagem pode ser feita com qualquer planta forrageira, sendo as espécies de verão mais utilizadas milho, sorgo, girassol, soja, alfafa, papuã, capins em geral (tiftons, elefante, cana). No inverno, as opções são azevém, aveia, cevada, trigo, centeio e triticale.
Silagem de verão
O milho e o sorgo têm sido os alimentos mais utilizados para produção de silagem devido à facilidade de cultivo e alta qualidade da silagem, que dispensa o uso de aditivos para fermentação. A cultura do milho tem maior prevalência na bovinocultura leiteira, pois conta com sistema de produção já definido, produção adequada de matéria seca, alto valor energético e consumo voluntário elevado. Entretanto, o sorgo para silagem pode apresentar alto teor de matéria seca quando comparado ao milho, principalmente nas regiões de baixa fertilidade do solo e em locais com ocorrências de estresse hídrico.
Em geral, o milho é o preferido na produção de volumoso ensilado pelo potencial produtivo e qualidade da silagem, além da tradição no cultivo, a ampla oferta de híbridos, a boa aceitação dos animais e a possibilidade de automação de várias etapas na silagem. O milho também atende os requisitos agronômicos para a confecção de uma boa silagem: teor de matéria seca entre 30% a 35%, no mínimo 3% de carboidratos solúveis na matéria original e baixo poder tampão, que facilita o abaixamento do pH da massa ensilada e consequente estabilização da forragem decorrente da boa fermentação microbiana.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Dra. Jane Machado, no Brasil existem poucas cultivares de milho indicadas somente para produção de silagem, desta forma, alguns produtores direcionam para a colheita de grãos a lavoura inicialmente implantada com o propósito de silagem, em virtude das oscilações dos preços ou da disponibilidade de alimento. “Para produzir silagem de boa qualidade, com alto valor nutritivo, o produtor deve plantar cultivares boas produtoras de massa, associada com alta produção de grãos. Dentre os vários híbridos adaptados para a região, a preferência deve ser para aqueles de grãos mais macios e com maior produção de grãos. Ainda, a população de plantas de milho para silagem não deve ser maior do que 10 a 15% do recomendado pelo obtentor para produzir grãos”, recomenda a Dra. Jane.
O principal cuidado na silagem de milho é acertar o ponto de colheita. A planta deve ser colhida entre 32% a 35% de matéria seca, momento que pode ser visualizado no campo quando o grão estiver em massa firme, logo após o ponto de milho verde. Se o teor de matéria seca (MS) estiver abaixo de 30%, a silagem terá baixa qualidade nutricional, pois ocorrem perdas por escorrimento de nutrientes junto com o excesso de água (choro da silagem); por outro lado, se a MS estiver acima de 35%, dificulta a compactação e ocorrem perdas respiratórias devido ao maior tempo para fermentar, oportunizando o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis como fungos produtores de micotoxinas.
O milho permite produzir três tipos de silagem: de planta inteira, da espiga e do grão úmido. A forma mais utilizada é a silagem de planta inteira, quando a planta é triturada em fragmentos de 1 a 2 centímetros e armazenada em local seco, livre da entrada de ar. Em muitos casos, a colheita e armazenagem da silagem é terceirizada.
As planilhas de custo mais recentes feitas pela Embrapa Gado de Leite demonstram que, nos sistemas a pasto e confinados, a silagem de milho corresponde de 4,7% a 16,7% do custo de produção do leite. O custo da silagem de milho pode ser reduzido com a adoção de tecnologias apropriadas no cultivo das lavouras, na confecção da silagem e em sua utilização. Entretanto, esta redução pode ser ainda maior pela utilização de cultivares que apresentam alta produtividade e bom valor nutritivo, com elevada digestibilidade.
Por ser um volumoso nobre e caro, só deve ser fornecida a animais de bom padrão genético, com boa produtividade, que possam responder economicamente à qualidade do alimento recebido. A silagem é a melhor indicação em plantel com produção média a partir de 15 kg por vaca/dia. O consumo médio de silagem de milho varia de 1,2 a 1,7% do peso vivo de um ruminante em matéria seca, ou seja, uma vaca de leite de 400 kg poderá consumir até 15 a 25 kg de silagem fresca por dia.
Silagem de Inverno
O inverno é a época de produzir alimento a menor custo, quando muitas áreas estão ociosas, mas com boa fertilidade e disponibilidade de água. Assim, é também o melhor momento para armazenar alimento conservado.
Existem diversas opções para fazer silagem de inverno, porém deve ser evitada a mistura de espécies, devido às diferenças na fermentação, mas é comum o produtor fazer silagem pré-secada de aveia preta e azevém anual.
Acesse a matéria completa na página da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Fonte: Embrapa. Imagem: Pixabay.
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