Notícia
Prevalência de anemia e correlação da concentração de hemoglobina com fatores cognitivos em idosos
O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de anemia e a correlação da concentração de hemoglobina com fatores cognitivos em população idosa residente em Campina Grande, Paraíba, Brasil.
Pixabay
Fonte
Ciência e Saúde Coletiva v.23, nº3
Data
sexta-feira, 23 março 2018 13:00
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição de Coletividades
Introdução
A anemia constitui um distúrbio hematológico relevante, caracterizado pela redução da concentração de hemoglobina no sangue, o qual tem se destacado na população idosa, por ser uma condição de elevada prevalência neste grupo etário. Pesquisas sobre anemia em idosos têm sido realizadas nos últimos anos, tanto no Brasil como internacionalmente, ressaltando a relevância do estudo acerca desta doença no contexto mundial.
As alterações fisiológicas, funcionais e bioquímicas que ocorrem no corpo humano com o processo de envelhecimento acarretam uma tendência de redução da concentração de hemoglobina. No entanto, essa condição não deve ser considerada consequência natural do envelhecimento, uma vez que a anemia repercute negativamente na saúde dos idosos, agravando doenças já existentes e contribuindo para o surgimento de novas complicações, além de gerar impactos consideráveis de custos para o sistema de saúde, tendo em vista que a doença está associada à maior utilização dos serviços de saúde e maior permanência no ambiente hospitalar
Na literatura, a anemia e as baixas concentrações de hemoglobina em idosos residentes na comunidade têm sido associadas ao declínio cognitivo, como demência, depressão e comprometimento de memória, maior risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, pior estado nutricional e maior risco de mortalidade.
Os instrumentos comumente utilizados para a avaliação cognitiva em idosos são o Mini Exame do Estado Mental, a Escala de Depressão Geriátrica e o Questionário de Medidas de Queixas Subjetivas de Memória. Estudo de base populacional realizado, na Itália, com 717 idosos, utilizando para a avaliação do declínio cognitivo, dentre outros instrumentos o Mini Exame do Estado Mental e a Escala de Depressão Geriátrica, verificou associação entre a anemia e o declínio cognitivo.
Como visto, o declínio cognitivo associado à baixa concentração de hemoglobina pode comprometer a qualidade de vida da pessoa idosa, interferindo na realização das atividades cotidianas e na interação social. O presente estudo teve por objetivo verificar a prevalência de anemia e a correlação da concentração de hemoglobina com fatores cognitivos em população idosa residente em Campina Grande, Paraíba, Brasil.
Métodos
Tratou-se de um estudo do tipo transversal com coleta de dados primários. A população foi constituída por indivíduos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, cadastrados na Estratégia Saúde da Família do município de Campina Grande/PB.
Para o cálculo da amostra, estimou-se uma prevalência dos desfechos de, no mínimo, 25%. O cálculo do tamanho amostral foi realizado a partir da seguinte equação: {[E2 x p (1-p)] x c}/A2. Onde E é o limite de confiança (1,96), c é o coeficiente de correlação amostral (2,1), considerando o procedimento por conglomerado, e A é a precisão aceita (6%) para a prevalência estimada. A amostra foi proporcional a cada um dos seis Distritos Sanitários de Campina Grande, sendo composta por 420 idosos.
No primeiro momento foi realizada a entrevista no domicílio do idoso, na qual foram coletadas as informações sociodemográficas, cognitivas, e do estado nutricional. Nesse momento, o idoso foi orientado a comparecer em jejum de 12 horas, em data e horário determinados, à UBSF de abrangência para a coleta do sangue e posterior análise da hemoglobina sérica.
A coleta do sangue foi realizada por profissionais habilitados e as análises foram realizadas em um Laboratório de Análises Clínicas, devidamente credenciado e cadastrado no Serviço de Controle e Qualidade da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Para reduzir as perdas de indivíduos na coleta de sangue, estabeleceu-se contato com os idosos que faltaram à primeira coleta, sendo marcada nova data para realização da coleta de sangue. Após a segunda falta, foi estabelecido novo contato e a coleta de sangue foi remarcada para ser realizada no domicílio do idoso. Em caso de nova recusa, esse indivíduo era considerado como perdido para os dados referentes às análises bioquímicas.
As variáveis deste estudo foram a concentração de hemoglobina (Hb) (g/dL) e as cognitivas (demência, depressão e comprometimento de memória). Foram consideradas variáveis de ajuste as sociodemográficas (sexo, idade e anos de estudo) e o estado nutricional.
A prevalência de anemia foi estimada por meio da concentração de hemoglobina (Hb) (g/dL), a qual foi determinada por Automação, ABX PENTRA 80. Foram considerados com anemia, indivíduos do sexo masculino que apresentaram concentração de hemoglobina < 13 g/dL e do sexo feminino que apresentaram concentração < 12 g/dL.
As variáveis cognitivas foram tratadas de forma contínua, por meio do número de pontos obtidos no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), o qual avaliou a demência, na Escala de Depressão Geriátrica (EDG) que avaliou a depressão e no Questionário de Medidas de Queixas Subjetivas de Memória (MAC-Q), o qual avaliou o comprometimento de memória.
Introdução
A anemia constitui um distúrbio hematológico relevante, caracterizado pela redução da concentração de hemoglobina no sangue, o qual tem se destacado na população idosa, por ser uma condição de elevada prevalência neste grupo etário. Pesquisas sobre anemia em idosos têm sido realizadas nos últimos anos, tanto no Brasil como internacionalmente, ressaltando a relevância do estudo acerca desta doença no contexto mundial.
As alterações fisiológicas, funcionais e bioquímicas que ocorrem no corpo humano com o processo de envelhecimento acarretam uma tendência de redução da concentração de hemoglobina. No entanto, essa condição não deve ser considerada consequência natural do envelhecimento, uma vez que a anemia repercute negativamente na saúde dos idosos, agravando doenças já existentes e contribuindo para o surgimento de novas complicações, além de gerar impactos consideráveis de custos para o sistema de saúde, tendo em vista que a doença está associada à maior utilização dos serviços de saúde e maior permanência no ambiente hospitalar
Na literatura, a anemia e as baixas concentrações de hemoglobina em idosos residentes na comunidade têm sido associadas ao declínio cognitivo, como demência, depressão e comprometimento de memória, maior risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, pior estado nutricional e maior risco de mortalidade.
Os instrumentos comumente utilizados para a avaliação cognitiva em idosos são o Mini Exame do Estado Mental, a Escala de Depressão Geriátrica e o Questionário de Medidas de Queixas Subjetivas de Memória. Estudo de base populacional realizado, na Itália, com 717 idosos, utilizando para a avaliação do declínio cognitivo, dentre outros instrumentos o Mini Exame do Estado Mental e a Escala de Depressão Geriátrica, verificou associação entre a anemia e o declínio cognitivo.
Como visto, o declínio cognitivo associado à baixa concentração de hemoglobina pode comprometer a qualidade de vida da pessoa idosa, interferindo na realização das atividades cotidianas e na interação social. O presente estudo teve por objetivo verificar a prevalência de anemia e a correlação da concentração de hemoglobina com fatores cognitivos em população idosa residente em Campina Grande, Paraíba, Brasil.
Métodos
Tratou-se de um estudo do tipo transversal com coleta de dados primários. A população foi constituída por indivíduos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, cadastrados na Estratégia Saúde da Família do município de Campina Grande/PB.
Para o cálculo da amostra, estimou-se uma prevalência dos desfechos de, no mínimo, 25%. O cálculo do tamanho amostral foi realizado a partir da seguinte equação: {[E2 x p (1-p)] x c}/A2. Onde E é o limite de confiança (1,96), c é o coeficiente de correlação amostral (2,1), considerando o procedimento por conglomerado, e A é a precisão aceita (6%) para a prevalência estimada. A amostra foi proporcional a cada um dos seis Distritos Sanitários de Campina Grande, sendo composta por 420 idosos.
No primeiro momento foi realizada a entrevista no domicílio do idoso, na qual foram coletadas as informações sociodemográficas, cognitivas, e do estado nutricional. Nesse momento, o idoso foi orientado a comparecer em jejum de 12 horas, em data e horário determinados, à UBSF de abrangência para a coleta do sangue e posterior análise da hemoglobina sérica.
A coleta do sangue foi realizada por profissionais habilitados e as análises foram realizadas em um Laboratório de Análises Clínicas, devidamente credenciado e cadastrado no Serviço de Controle e Qualidade da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Para reduzir as perdas de indivíduos na coleta de sangue, estabeleceu-se contato com os idosos que faltaram à primeira coleta, sendo marcada nova data para realização da coleta de sangue. Após a segunda falta, foi estabelecido novo contato e a coleta de sangue foi remarcada para ser realizada no domicílio do idoso. Em caso de nova recusa, esse indivíduo era considerado como perdido para os dados referentes às análises bioquímicas.
As variáveis deste estudo foram a concentração de hemoglobina (Hb) (g/dL) e as cognitivas (demência, depressão e comprometimento de memória). Foram consideradas variáveis de ajuste as sociodemográficas (sexo, idade e anos de estudo) e o estado nutricional.
A prevalência de anemia foi estimada por meio da concentração de hemoglobina (Hb) (g/dL), a qual foi determinada por Automação, ABX PENTRA 80. Foram considerados com anemia, indivíduos do sexo masculino que apresentaram concentração de hemoglobina < 13 g/dL e do sexo feminino que apresentaram concentração < 12 g/dL.
As variáveis cognitivas foram tratadas de forma contínua, por meio do número de pontos obtidos no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), o qual avaliou a demência, na Escala de Depressão Geriátrica (EDG) que avaliou a depressão e no Questionário de Medidas de Queixas Subjetivas de Memória (MAC-Q), o qual avaliou o comprometimento de memória.
Discussão
A prevalência de anemia entre os idosos desta pesquisa foi de 12,5%. Prevalências semelhantes foram encontradas em outros estudos com idosos em diferentes regiões brasileiras, as quais variaram de 11% a 12,8%. As prevalências de anemia em idosos verificadas nestes estudos realizados no Brasil, bem como a prevalência verificada no presente estudo, apesar de serem inferiores às prevalências encontradas em estudos envolvendo outros grupos etários como crianças e gestantes, devem ser consideradas relevantes, devido às repercussões negativas que esta doença gera sobre a saúde e qualidade de vida do idoso, como o aumento do risco de morbidade e mortalidade.
Neste estudo, a concentração média de hemoglobina verificada entre os idosos foi de 13,5 g/dL, resultado semelhante ao encontrado em pesquisa com idosos residentes na comunidade em Chicago, Estados Unidos, em que a concentração média de hemoglobina foi de 13,3 g/dL. Estudo realizado no Brasil com idosos da comunidade participantes da linha de base de coorte de Bambuí, Minas Gerais, verificou que a concentração média de hemoglobina foi igual a 14,5 g/dL, resultado superior ao encontrado na presente pesquisa, o que pode ser atribuído ao fato de os idosos que fizeram parte do estudo serem participantes de uma coorte que é desenvolvida na cidade desde 1997, o que pode favorecer a condição de saúde desses idosos, por meio do acompanhamento da saúde dessa população e melhor controle de doenças.
O sexo esteve correlacionado com a concentração de hemoglobina. Estudos apontam que idosos do sexo masculino apresentam níveis de hemoglobina inferiores ao feminino, o que pode ser devido, principalmente, à redução na produção de testosterona com o avançar da idade, a qual tem impacto significativo na redução dos níveis de hemoglobina no organismo. Essa correlação entre o sexo e a concentração de hemoglobina em idosos, reforça a necessidade de maior atenção às demandas e necessidades em saúde apresentadas pelos homens
A idade esteve correlacionada negativamente com a concentração de hemoglobina, o que está em conformidade com a literatura, pois estudos apontam que há uma tendência de redução da concentração de hemoglobina em idosos com o avançar da idade.
Neste estudo, o Índice de Massa Corporal esteve correlacionado positivamente com a concentração de hemoglobina entre os idosos, esta relação pode ser atribuída ao fato de que determinados fatores que acompanham o envelhecimento, além da presença de doenças crônicas e debilidades físicas associadas à idade podem favorecer a desnutrição entre os idosos. Indivíduos desnutridos, normalmente apresentam alimentação insuficiente em ferro, ácido fólico e vitamina B12, o que leva a baixas concentrações de hemoglobina no organismo, uma vez que esses nutrientes são essenciais para a eritropoiese.
Neste estudo foi verificada correlação negativa entre a concentração de hemoglobina e a pontuação obtida no MAC-Q, desta forma quanto menor foi a concentração de hemoglobina, maior foi a pontuação no MAC-Q, caracterizando maior comprometimento de memória.
Este resultado é preocupante, tendo em vista que tanto as baixas concentrações de hemoglobina como o comprometimento de memória na pessoa idosa estão relacionados com o aumento do risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer (DA), a qual pode levar à perda da independência e autonomia, interferindo negativamente na qualidade de vida do idoso e de sua família.
Os resultados obtidos neste estudo ressaltam a importância do acompanhamento da saúde dos idosos e do desenvolvimento e ações por parte dos profissionais de saúde nas Unidades Básicas de Saúde da Família, voltadas para o suporte desses idosos, que apresentam declínio cognitivo tais como a demência, a depressão e o comprometimento da memória, a fim de melhorar a qualidade de vida desta população.
Acesse a pesquisa completa na revista Ciência e Saúde Coletiva
Fonte: Revista Ciência e Saúde Coletiva, v.23 nº 3 Imagem: Pixabay
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