Notícia
Pesquisadores identificam no açaí espécies de bactérias com potencial probiótico
O açaí além de combater o surgimento de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, também pode apresentar benefícios como a redução de transtornos gastrointestinais e do colesterol
Alexandre de Moraes, UFPA
Fonte
UFPA | Universidade Federal do Pará
Data
quinta-feira, 11 fevereiro 2021 14:50
Áreas
Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Clínica
Considerado um superalimento por seu reconhecido valor nutricional e capacidade antioxidante, além de combater o surgimento de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, o açaí também pode apresentar benefícios como a redução de transtornos gastrointestinais e do colesterol. É o que aponta um estudo feito por pesquisadores do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), laboratório ligado à Universidade Federal do Pará (UFPA) e instalado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém. O estudo foi publicado na revista científica Frontiers in Microbiology.
Os pesquisadores isolaram e identificaram, pela primeira vez, espécies de bactérias lácticas endofíticas (que habitam o interior de uma planta) do açaí, com alto potencial probiótico, que podem garantir a segurança alimentar no consumo do açaí azedo. A pesquisa avaliou a atividade antagônica in vitro de três cepas de bactérias lácticas (Pediococcus pentosaceus B125, Lactiplantibacillus plantarum B135 e Lactiplantibacillus plantarum Z183) contra dois patógenos – organismos capazes de causar doenças – a Salmonella typhimurium e a Escherichia coli.
“A atividade antagonista em nosso estudo avaliou a capacidade das bactérias lácticas de inibir o crescimento das bactérias patogênicas no suco de açaí mantidos em temperatura ambiente por um período de até 72h, que é o tempo máximo em que o açaí ainda é consumido. Os resultados mostraram que as três bactérias lácticas foram capazes de inibir os dois patógenos. Sendo que, para a Salmonella, foram ainda mais eficazes”, aponta Suenne Sato, primeira autora do artigo.
Além da atividade antimicrobiana, as cepas também apresentaram a capacidade de resistir a situações de estresse que simulam a passagem pelo trato gastrointestinal. “O trajeto da boca até o cólon, local em que as bactérias probióticas devem colonizar e exercer atividades, apresenta inúmeras condições hostis pelas quais as bactérias precisam resistir, para, assim, chegarem vivas no cólon em quantidade suficiente. A condição ácida do estômago é a primeira situação de grande estresse para os microrganismos, portanto realizamos alguns testes in vitro para verificar a viabilidade das cepas nessa condição e em condição subsequente, como a resistência aos sais biliares”, informa Suenne.
“É importante que esses microrganismos sejam seguros para uso e que também exerçam uma ou mais atividades benéficas. Para as bactérias isoladas no nosso estudo, fizemos o teste de desconjugação de sais biliares para identificar se elas apresentavam alguma atividade relacionada. Os resultados apontaram positivo para todas, testadas. Isso significa uma possibilidade de contribuírem para a redução de colesterol sanguíneo”, complementa a pesquisadora.
O pesquisador Dr. Hervé Rogez, coordenador do CVACBA , professor do Programa Pós-Graduação em Biotecnologia e orientador da tese de doutorado que deu origem ao artigo, destaca a importância da descoberta. “O cólon e o intestino grosso desempenham um papel muito importante para a saúde humana, é o segundo órgão que melhor deve ser cuidado, depois do coração. Há pelo menos 20 anos, os probióticos já vêm sendo estudados, mas aqui, na região, ainda temos poucos trabalhos sobre. O fato de ter descoberto mais um benefício no consumo de açaí, fruto tão comum na dieta da região, é muito relevante”, afirma o Dr. Hervé.
As bactérias isoladas estão armazenadas no banco de bactérias do açaí, no CVACBA, para aprofundamentos futuros no intuito de descobrir mais funcionalidades e possíveis aplicações. “As cepas podem ser utilizadas não só em alimentos, mas também na agricultura e no setor cosmético, já que os endofíticos possuem um bom histórico de serem potenciais produtores de metabólitos (substância produzida durante o metabolismo) de interesse econômico. Ter microrganismos endofíticos especialmente isolados dos frutos de açaí pode contribuir ainda mais para a valorização desse alimento e possivelmente para trazer benefícios econômicos para toda a cadeia produtiva do açaí e para as regiões produtoras”, finaliza Suenne.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFPA.
Fonte: Assessoria PCT Guamá, UFPA. Imagem: Alexandre de Moraes, UFPA.
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