Notícia
Estudo mostra megatendências que impactarão sistemas alimentares
Nos próximos 30 anos o aumento da população, a maior expectativa de vida, associados a outros fatores como mudanças climáticas, degradação ambiental, vão impactar diretamente no fornecimento de alimentos
Pixabay
Fonte
EMBRAPA | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Data
segunda-feira, 17 junho 2019 12:00
Áreas
Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos
Nos próximos 30 anos, a população mundial chegará a 9,8 bilhões, com 4,9 bilhões de pessoas, cerca de 40%, concentradas nos centros urbanos.O aumento da população, sua crescente urbanização e a maior expectativa de vida (envelhecimento), associados a fatores como mudanças climáticas, degradação ambiental, novas tecnologias na agricultura e alteração nos hábitos de consumo alimentar, vão impactar diretamente no fornecimento de alimentos. Será necessário produzir 50% a mais para atender ao crescimento da população, enquanto o mercado de carnes precisará dobrar sua capacidade.
Os dados estão na nova edição do estudo Megatendências que podem influenciar o desenvolvimento da agricultura e dos sistemas alimentares, publicado pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa. Os principais subsídios e fontes são de instituições privadas internacionais de alta reputação, como a agência de risco Fitch, por meio de sua subsidiária Fitch Solutions (Inglaterra), e o Rabobank (Holanda).
“No momento em que a Embrapa começa as atividades para elaboração do VII Plano Diretor (PDE), é necessário aprofundar o conhecimento sobre as megatendências globais. Elas têm origem em contribuições de importantes pesquisadores e cientistas de instituições privadas e governamentais internacionais. Um dos destaques nas análises é que os sistemas agroalimentares globais mudarão dramaticamente até 2050, tendo em vista a complexidade dos fatores envolvidos”, analisa o pesquisador responsável pelos estudos, Mário Seixas. Especialista em Gestão de Negócios Agrícolas pela Universidade de Reading, Inglaterra, ele faz análise dos dados de inteligência estratégica desde 2017.
Segurança alimentar
“A segurança alimentar global é hoje relativamente estável, pois o mundo consegue produzir mais alimentos do que se consome, apesar de populações no sul da Ásia e na África Subsaariana ainda permanecerem subnutridas ou desnutridas. Nesse caso, o problema está relacionado a políticas públicas ineficientes”, esclarece o pesquisador. “No entanto, nas próximas décadas, teremos episódios de interrupção significativa do fornecimento de alimentos e consequente aumentos de preços”, complementa.
Mesmo assim, China, Brasil e Índia continuarão a expandir sua produção agrícola. A produção de grãos geneticamente modificados deve aumentar na China, especialmente de milho, enquanto a Índia investirá nas pulses (leguminosas secas, como ervilha, lentilha e grão-de-bico). Estados Unidos, Brasil e Europa continuarão sendo as fornecedoras agrícolas mais importantes no cenário internacional.
De acordo com estimativas do relatório, a elevação das temperaturas reduzirá a produtividade e o rendimento de muitas culturas no mundo. Inundações e secas serão cada vez mais frequentes, o que irá prejudicar os sistemas de produção e distribuição de alimentos. Tais fatores colocam em xeque, desde já, argumentos de que a atual produção global de alimentos será capaz de alimentar a população estimada para 2050.
Consumo
Até 2050, serão 5 bilhões de consumidores com maior poder de compra, resultado do aumento das classes médias na China e Índia. Juntas, elas representarão 59% desse segmento em âmbito global. Mais consumo e mais necessidade de produção de alimentos, consequentemente maior utilização de água e energia. O sul da Ásia e a África serão as regiões mais sujeitas a estresse hídrico e às alterações climáticas nos próximos anos.
Segundo Mário Seixas, a escassez de água criará ainda mais retrocessos do que os atuais. Eles se manifestarão de três maneiras: mais protestos contra governos que utilizam o recurso inadequadamente; aumento de tensões contra países que constroem hidrelétricas ou que investem na agricultura intensiva, apesar da falta da água em seus territórios; mais migração de pessoas afetadas pela seca.
Consumidores mais jovens continuarão críticos em relação a transgênicos, porém propensos a consumirem outros tipos de produto, por exemplo a chamada carne sintética, de origem vegetal. “A proteína baseada em vegetais será parte do futuro da indústria de alimentos. Empresas tradicionais de carne poderiam se tornar investidores significativos”, ressalta o pesquisador. O relatório destaca ainda que, até 2050, a dificuldade de aceitação de produtos transgênicos será nos mercados da União Europeia.
Acesse a notícia completa na página da EMBRAPA.
Fonte: Maria Clara Guaraldo, Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas . Imagem:
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