Notícia
Dieta ‘plant based’ pode ser importante para micróbios intestinais essenciais
Pesquisadores encontraram fortes evidências de que o microbioma está ligado a alimentos e dietas específicas e que, por sua vez, sua composição também está associada a níveis de biomarcadores metabólicos de doenças
Pixabay
Fonte
Universidade Harvard
Data
quarta-feira, 13 janeiro 2021 10:05
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
A chamada dieta ‘plant based’, rica em alimentos vegetais, está ligada à presença e abundância de certos micróbios intestinais que também estão associados a menor risco de desenvolvimento de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, de acordo com resultados recentes de um estudo internacional em larga escala. O estudo tem coautoria do Dr. Andrew T. Chan, do Hospital Geral de Massachusetts (MGH), afiliado à Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e foi publicado na revista científica Nature Medicine.
“Este estudo demonstra uma associação clara entre espécies microbianas específicas no intestino, certos alimentos e risco de algumas doenças comuns”, disse o Dr. Chan, gastroenterologista, chefe da Unidade de Epidemiologia Clínica e Translacional do MGH e professor de Medicina da Escola Médica de Harvard. “Esperamos poder usar essas informações para ajudar as pessoas a evitar problemas graves de saúde, mudando sua dieta para personalizar seu microbioma intestinal”.
O estudo metagenômico PREDICT 1 (Respostas personalizadas ao ensaio de composição dietética 1) analisou dados detalhados sobre a composição dos microbiomas dos participantes, seus hábitos alimentares e biomarcadores sanguíneos cardiometabólicos. Os pesquisadores encontraram fortes evidências de que o microbioma está ligado a alimentos e dietas específicas e que, por sua vez, sua composição também está associada a níveis de biomarcadores metabólicos de doenças. Além disso, o microbioma tem uma associação maior com esses marcadores do que outros fatores, como a genética.
“Estudar a inter-relação entre o microbioma, a dieta e a doença envolve muitas variáveis porque as dietas das pessoas tendem a ser personalizadas e podem mudar bastante com o tempo. Dois dos pontos fortes deste ensaio são o número de participantes e as informações detalhadas que coletamos”, explicou o Dr. Chan.
O estudo PREDICT 1 é uma colaboração internacional para estudar as ligações entre a dieta, o microbioma e os biomarcadores da saúde cardiometabólica. Os pesquisadores reuniram dados da sequência do microbioma, informações dietéticas detalhadas de longo prazo e resultados de centenas de marcadores sanguíneos cardiometabólicos de pouco mais de 1.100 participantes no Reino Unido e nos EUA.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que consumiam uma dieta rica em alimentos saudáveis e vegetais eram mais propensos a ter altos níveis de micróbios intestinais específicos. A composição dos microbiomas intestinais dos participantes foi fortemente associada a nutrientes específicos, alimentos, grupos de alimentos e índices dietéticos gerais (composição geral da dieta). Os pesquisadores também encontraram biomarcadores de obesidade baseados em microbiomas, bem como marcadores de doenças cardiovasculares e tolerância à glicose prejudicada.
O epidemiologista Dr. Tim Spector, do King’s College de Londres, que iniciou o estudo PREDICT, disse: “Quando você come, você não está apenas alimentando seu corpo, você está alimentando os trilhões de micróbios que vivem dentro de seu intestino.”
Por exemplo, ter um microbioma rico em espécies de Prevotella copri e Blastocystis foi associado à manutenção de um nível favorável de açúcar no sangue após uma refeição. Outras espécies foram associadas a níveis mais baixos de gorduras no sangue e marcadores de inflamação pós-refeição. As tendências encontradas foram tão consistentes que os pesquisadores acreditam que os dados do microbioma podem ser usados para determinar o risco de doença cardiometabólica entre pessoas que ainda não apresentam sintomas e, possivelmente, para prescrever uma dieta personalizada projetada especificamente para melhorar a saúde.
“Ficamos surpresos ao ver grupos tão grandes e claros de micróbios ‘bons’ e ‘maus’ emergindo de nossa análise. E é intrigante ver que os microbiologistas sabem tão pouco sobre muitos desses micróbios que ainda nem foram nomeados”, disse o Dr. Nicola Segata, professor e pesquisador principal do Laboratório de Metagenômica Computacional da Universidade de Trento, na Itália, e coordenador da análise dos dados do microbioma do estudo.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Harvard (em inglês).
Fonte: Malorye Branca, MGH. Imagem: Pixabay.
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