Notícia

Consumir frutas e vegetais reduz os efeitos cancerígenos de carnes vermelhas e processadas, aponta pesquisa

Fonte

Universidade de Alberta

Data

segunda-feira, 8 março 2021 06:50

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Pesquisa publicada na revista científica Nutrients, liderada pela Dra. Katerina Maximova, professora adjunta da Escola de Saúde Pública da Universidade de Alberta, no Canadá, e membro do Instituto de Pesquisa do Câncer do Norte de Alberta , mostra que o baixo consumo de frutas e vegetais combinado com um maior consumo de carnes processadas está associado a maior incidência de câncer para os albertanos.

“É geralmente aceito que a carne vermelha é um provável carcinógeno, embora haja evidências convincentes de que as carnes processadas como bacon e frios são, de fato, cancerígenas”, disse o Dr. Paul Veugelers, professor e co-autor.

O Dr. Veugelers disse que essa evidência é estabelecida pelo projeto Global Burden of Disease da Organização Mundial da Saúde, bem como pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, que identificou 15 cânceres com possíveis ligações com o consumo de carne vermelha e processada. Estes incluem câncer colorretal, estômago, esôfago, rim, fígado e outros. Para a prevenção do câncer, é recomendável limitar a quantidade de carne vermelha e evitar totalmente a carne processada.

A Dra. Maximova, professora associada na Dalla Lana School of Public Health da University of Toronto, junto com seus colegas, Dr.Veugelers e Dra. Irina Dinu, e seus alunos abordaram o complicado conceito de co-consumo. Eles examinaram o co-consumo de carne vermelha e processada, juntamente com alimentos que são recomendados para a prevenção do câncer – incluindo frutas e vegetais, e grãos inteiros e fibras – para observar os efeitos nas taxas de câncer e a idade das pessoas na época da diagnóstico de câncer.

“Muitas das evidências existentes se concentram no efeito de um único item alimentar sobre o risco de câncer, mas não consumimos um determinado alimento ou nutriente isoladamente. É necessário entender a influência de uma combinação de fatores envolvidos na carcinogênese, observando o co-consumo.” explicou o Dr. Veugelers.

O estudo usou dados coletados ao longo de mais de 13 anos de participantes do Projeto Amanhã de Alberta, um estudo de longo prazo que acompanha a saúde de mais de 50.000 adultos na província. Além de informações dietéticas detalhadas, ele oferece uma ampla gama de dados sobre dados demográficos, características comportamentais e saúde dos participantes.

Os resultados revelaram que os homens com baixo consumo de vegetais e frutas combinado com um alto consumo de carne processada tinham 1,8 vezes mais probabilidade de desenvolver um dos 15 cânceres durante o acompanhamento. O risco correspondente para as mulheres foi de 1,5 vezese

Homens que consumiam uma dieta rica em vegetais e frutas e reduzida em carne processada tiveram um tempo 7,1 anos a mais para o diagnóstico dos 15 cânceres – 80,4 anos de idade em oposição a 73,3. A diferença na idade média estimada para as mulheres foi de 6,3 anos – 79,3 contra 72,9 anos de idade para o diagnóstico.

“O efeito cancerígeno das carnes processadas pode ser mitigado seguindo uma dieta saudável rica em vegetais e frutas sem amido, particularmente em níveis mais baixos de ingestão de carne processada”, sugeriu o Dr.Veugelers.

Embora os pesquisadores tenham observado fortes associações para carnes processadas, as descobertas para o co-consumo de carne vermelha com alimentos saudáveis ​​não foram tão pronunciadas, embora tenham seguido um padrão semelhante. Isso é consistente com evidências convincentes que implicam a carne processada na incidência de câncer e apenas evidências prováveis ​​para o papel da carne vermelha.

Globalmente, nos 50 anos que vão de 1961 a 2014, o consumo anual de carne per capita quase dobrou de 23 quilos para 43 quilos, mas permaneceu estático ou diminuiu em países de alta renda. No entanto, o consumo de carnes processadas permaneceu o mesmo.

O Dr. Veugelers reconheceu que a carne vermelha é uma fonte importante de proteína, ferro e outros micronutrientes, mas acrescentou que o consumo nas nações ocidentais é muito alto. Nos Estados Unidos, os adultos consomem em média 1,47 porções de carne vermelha por dia, bem acima da recomendação de 1,0 porção por semana. O consumo de carne processada é em média de 0,87 porções por dia, em comparação com a ingestão de nenhuma recomendada pelo World Cancer Research Fund / American Institute for Cancer Research. O Canadá tem uma das maiores taxas de consumo per capita do mundo, 82,62 kg em 2017, e o consumo em Alberta é o mais alto entre as províncias canadenses.

O Dr. Veugelers disse que ainda há muita pesquisa a ser feita sobre as interações dos alimentos co-consumidos e sua relação com os riscos de câncer antes que as autoridades de saúde possam fazer recomendações específicas com segurança, mas ele disse que é fundamental que consideremos o que comemos.

“A dieta é o maior fator de risco modificável para doenças crônicas. Podemos obter mais benefícios para a saúde com uma dieta saudável do que por não fumar ou por mais atividade física,” enfatizou o pesquisador que aconselhou que os consumidores considerem uma dieta variada, consistente com o novo guia alimentar do Canadá, enfatizando vegetais, frutas, grãos integrais, nozes e sementes.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Alberta (em inglês).

Fonte: Nisa Drozdowski, Universidade de Alberta. Imagem: Pixabay.

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