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Bactérias intestinais ajudam a digerir a fibra alimentar, liberando antioxidantes importantes

Entender o mecanismo de como as bactérias no cólon ajudam o corpo a quebrar a fibra alimentar e acessar o ácido ferúlico tem aplicações para nutrição personalizada

Unsplash

Fonte

Universidade de Illinois 

Data

quinta-feira, 21 janeiro 2021 13:40

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Funcional. Saúde Pública

Fibra dietética encontrada nos grãos é um grande componente de muitas dietas, mas pouco se sabe sobre como digerimos a fibra, pois os seres humanos carecem de enzimas para quebrar as moléculas complexas. Algumas espécies de bactérias intestinais quebram a fibra de modo que ela não apenas se torna digerível, mas libera ácido ferúlico, um importante antioxidante com múltiplos benefícios à saúde, de acordo com um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos.

Grãos como arroz, aveia, centeio e trigo são ricos em uma classe de fibra alimentar chamada arabinoxilanos, que os humanos não conseguem digerir por conta própria. Muitas bactérias intestinais têm enzimas para quebrar componentes simples dos arabinoxilanos; no entanto, eles não têm a capacidade de quebrar os complexos – incluindo aqueles que contêm ácido ferúlico.

“O ácido ferúlico demonstrou ter atividades antioxidantes, imunomoduladoras e anti-inflamatórias, e muitos relatórios documentaram suas atividades protetoras em diferentes doenças, incluindo diabetes, inflamação alérgica, doença de Alzheimer, doenças cardiovasculares, infecções microbianas e câncer”, disse o líder do estudo Dr. Isaac Cann, professor de ciências animais e microbiologia em Illinois.

“A questão, então, é qual é o benefício dos arabinoxilanos para nós, uma vez que nossos genomas humanos não codificam as enzimas que podem degradá-los ou acessar o ácido ferúlico que eles contêm?” disse o Dr. Cann.

Para responder a essa pergunta, o grupo do Dr. Cann e colaboradores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Universidade Mie, no Japão, estudaram os genomas e a atividade digestiva das bactérias no intestino. Eles descobriram que um grupo de bactérias Bacteroides possui várias enzimas que decompõem os arabinoxilanos, algumas das quais não haviam sido vistas ou catalogadas antes. Uma enzima que o grupo descobriu é tão ativa que elimina qualquer ácido ferúlico que encontrar, liberando grandes quantidades do antioxidante, disse o Dr. Cann. O grupo publicou suas descobertas na revista científica Nature Communications.

“Essas bactérias podem sentir a diferença entre arabinoxilanos simples e complexos para implantar um grande conjunto de enzimas que funcionam como tesouras para cortar as ligações em arabinoxilanos complexos em seus açúcares unitários e, ao mesmo tempo, liberar o ácido ferúlico”, disse o Dr. Cann.

É importante ressaltar que nenhuma das bactérias que o grupo estudou usou o ácido ferúlico depois de liberá-lo, tornando-o disponível para absorção no intestino humano.

Entender esse mecanismo de como as bactérias no cólon ajudam o corpo a quebrar a fibra alimentar e acessar o ácido ferúlico tem aplicações para nutrição personalizada. Com a atividade protetora do composto contra certas doenças e seu papel na modulação da inflamação e da resposta imune, os pacientes podem se beneficiar da ingestão de probióticos da bactéria liberadora de ácido ferúlico ou do consumo de uma dieta rica em fibra de arabinoxilano, completou o Dr. Cann.

“Este é um exemplo de como o microbioma impacta a saúde e nutrição humanas”, enfatizou o Dr. Cann.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia na página da Universidade de Illinois (em inglês).

Fonte: Liz Ahlberg Touchstone, Universidade de Illinois.  Imagem: Unsplash.

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