Notícia
Aumentar o preço de alimentos ultraprocessados pode diminuir obesidade
De acordo com o estudo, um aumento de 20% no preço por quilo dos alimentos ultraprocessados diminuiria, em média, 6,6% na prevalência de excesso de peso na população brasileira e 11,8% na de obesidade
Freepik
Fonte
UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais
Data
terça-feira, 21 janeiro 2020 09:15
Áreas
Nutrição Coletividades
Artigo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), recém-publicado na revista científica Nutrition, Metabolism & Cardiovascular Diseases, apresenta o primeiro estudo realizado no Brasil que associa o preço dos alimentos ultraprocessados à obesidade na população. De acordo com as estimativas de preço-elasticidade levantadas pelo estudo, um aumento de 20% no preço por quilo dos alimentos ultraprocessados diminuiria, em média, 6,6% na prevalência de excesso de peso na população brasileira e 11,8% na de obesidade.
O resultado confirma achados de outras pesquisas internacionais e uma das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS): aumentar impostos sobre alimentos não saudáveis para conter a epidemia de obesidade. Os autores recomendam, para o contexto brasileiro, a adoção de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre todos os alimentos ultraprocessados – o tributo pode ser destinado à saúde, programas sociais e outros.
A pesquisa vale-se de dados estatísticos da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base nas informações de peso e altura, estimaram as prevalências de obesidade e sobrepeso. Com base em informações sobre quantidade dos alimentos adquiridos pela família e o custo desses alimentos, informações coletadas de forma amostral pela POF, o grupo estabeleceu estimativas de preço dos alimentos ultraprocessados e calculou a elasticidade-preço e a elasticidade-renda, conceitos que se referem ao impacto que a alteração do preço e da renda tem sobre determinado desfecho – no caso, prevalência de excesso de peso e obesidade.
De acordo com Camila Passos, uma das autoras do artigo e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFMG, foi observado que o preço dos alimentos ultraprocessados é inversamente associado às prevalências de excesso de peso e obesidade no Brasil. “Quanto maior o preço, menos acessível o produto, menos consumo e menor a prevalência das doenças. Para cada aumento de 1% no preço dos alimentos ultraprocessados, é possível estimar uma queda média de 0,33% na prevalência de excesso de peso e de 0,59% na de obesidade. Observando especificamente o grupo com baixa renda, a tendência é a mesma: queda média de 0,34% no excesso de peso e de 0,63% na obesidade”.
Aumento de tributação
A recomendação dos autores é ampliar o aumento de tributos sobre as bebidas açucaradas – medida que já é discutida e aplicada em diversos países e defendida pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável e pela ACT Promoção da Saúde – para todo o grupo de alimentos ultraprocessados, que também inclui biscoitos, sorvetes, macarrões instantâneos, entre outros. Com foco no caso brasileiro, dado o cenário fiscal, o estudo indica que a medida mais desejável seria a criação de uma Cide para todos os produtos ultraprocessados.
Acesse a notícia completa na página da UFMG.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem, com informações da Aliança pela Alimentação Adeq, UFMG. Imagem: Freepik.
Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar