Notícia

Vitamina D não reduz tempo de internação em casos graves de covid, aponta pesquisa

Em estudo com 240 pacientes internados no Hospital das Clínicas, a suplementação também não diminuiu mortalidade, nem demanda por UTI e ventilação mecânica

Cleber Siquette, Jornal da USP (Ilustração)

Fonte

Jornal da USP

Data

sexta-feira, 19 fevereiro 2021 10:40

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

A suplementação com vitamina D não proporciona melhoras significativas em casos de covid-19 moderada ou grave, revela pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), realizada com 240 pacientes internados em São Paulo. Os pesquisadores verificaram que a suplementação não altera o tempo médio de internação e não tem influência para evitar a necessidade do uso ventilação mecânica, de admissão em UTI e na ocorrência de mortes. Os resultados do estudo são descritos em artigo publicado no site na revista científica Journal of American Association of Medicine (JAMA).

“A vitamina D apresenta uma importante atividade biológica no organismo, com efeito antimicrobiano, anti-inflamatório e imunológico. Neste sentido, a hipótese da pesquisa era se a vitamina D poderia reduzir a replicação do vírus da covid-19 e a resposta inflamatória grave causada pela infecção e melhorar a parte imunológica dos pacientes”, explica ao Jornal da USP a professora Dra. Rosa Maria Pereira, da FMUSP, coordenadora do estudo.

Desta maneira, os pesquisadores avaliaram 240 pacientes internados no Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP e no Hospital de Campanha do Ibirapuera entre os dias 2 de junho e 27 de agosto do ano passado. “Inicialmente foram incluídos pacientes que deram entrada no Pronto Socorro do HC, e depois, com a redução do número de internações no local, que foram admitidos no Hospital de Campanha, sempre com diagnóstico de doença moderada ou grave”, relata a professora. “Metade dos pacientes recebeu uma dose única e alta de vitamina D (200.000 UI), na forma de xarope, preparado pela Farmácia do HC, e os demais uma dose de placebo, ou seja, o mesmo xarope, só que sem nenhum efeito.”

Em primeiro lugar, o estudo avaliou se a vitamina D diminui o tempo de internação nos casos de covid-19. “Ao mesmo tempo, foi verificado quantos pacientes morreram, quantos foram admitidos na UTI e qual o número dos que necessitaram de intubação ou ventilação mecânica para manter a oxigenação do sangue”, observou a Dra. Rosa Maria. A última avaliação dos pacientes aconteceu em 7 de outubro.

De acordo com a professora, a pesquisa não detectou nenhum efeito significativo da suplementação:

“O tempo mediano de internação foi o mesmo entre os pacientes suplementados e os que receberam placebo, sete dias. No primeiro grupo variou entre quatro e dez dias e, no segundo, entre cinco e 13 dias”

“A mortalidade foi de 7,6% com a vitamina D e 5,1% com o placebo. A admissão na UTI registrou 16% com a vitamina e 21% com o placebo e a ventilação e o uso de ventilação mecânica foi de 7% com a suplementação e 14,4% com o placebo”, relata a professora.

Segundo Rosa Maria, a conclusão do estudo é que a vitamina D não proporcionou melhoras relevantes nos pacientes com doença moderada e grave em nenhum dos desfechos analisados. “É importante salientar que o estudo não avaliou o efeito da suplementação em pessoas com formas leves de covid-19 e nem como forma de prevenção”, afirma. “Um novo estudo irá verificar se a concentração basal de vitamina D no sangue tem relação com o desenvolvimento de doença leve ou não.”

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Júlio Bernardes, Jornal da USP. Imagem: Cleber Siquette, Jornal da USP (Ilustração).

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