Notícia
Pesquisadores alertam que o consumo de carne ultraprocessada dobra os danos diários ao meio ambiente
O estudo de 30 anos sobre as tendências alimentares do Brasil é o primeiro a explicar como os hábitos alimentares de um país afetam seu impacto nas mudanças climáticas
Pixabay
Fonte
Universidade de Brunel
Data
quinta-feira, 18 novembro 2021 16:25
Áreas
Nutrição Coletividades. Sustentabilidade
Pessoas que consomem mais salsichas, hambúrgueres e outros alimentos ultraprocessados causam pelo menos o dobro dos danos diários ao meio ambiente, alertam os cientistas.
‘Junk food’ eleva os gases de efeito estufa, destrói florestas e aspira grandes quantidades de água, diz um estudo de longo prazo sobre as tendências da dieta.
Por uma década, nós sabemos que comer muitos alimentos processados é ruim para nossa saúde, com ligações com obesidade, doenças cardíacas e câncer. Mas até agora não tínhamos ideia do que esses alimentos fazem ao planeta.
“Mudanças na forma como costumávamos comer, por exemplo, menos comida caseira e alimentação sazonal, estão deteriorando nossa saúde e contribuindo para a crise climática”, disse a especialista em sustentabilidade Dra. Ximena Schmidt da Universidade de Brunel, no Reino Unido.
“Este estudo mostra pela primeira vez como o aumento do consumo de alimentos como hambúrgueres, salsichas e outros produtos ultraprocessados tem produzido mais emissões de gases de efeito estufa e utilizado mais água e terra, mesmo em países em desenvolvimento como o Brasil.”
O estudo de 30 anos sobre as tendências alimentares do Brasil publicado na revista científica Lancet Global Health, é o primeiro a explicar como os hábitos alimentares de um país afetam seu impacto nas mudanças climáticas.
A Grã-Bretanha passou por uma mudança semelhante na dieta durante o século passado e os especialistas calculam que, à medida que as economias crescem, os países em desenvolvimento comerão mais alimentos processados, principalmente carne, o que pode prejudicá-los nas metas de mudança climática.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo, Brasil, Brunel University London, City, University of London, University of Manchester, University of York e University of Sheffield calcularam a pegada ambiental de diferentes alimentos por 1.000 calorias. Eles examinaram alimentos não processados, ingredientes processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados - coisas com aditivos artificiais como adoçantes, conservantes e sabores.
Consumir carne ultraprocessada pelo menos dobra a quantidade de danos diários que uma pessoa causa ao meio ambiente. Isso significa que a carne ultraprocessada é responsável por até 20% do impacto ambiental das dietas.
Para cada 1.000 calorias, esses alimentos foram associados a um aumento de 21% nas emissões nacionais de gases de efeito estufa, um aumento de 22% na pegada hídrica do país e um aumento de 17% na pegada ecológica.
“A relação entre os sistemas alimentares e as mudanças climáticas é complexa e desafia a própria segurança alimentar. Os sistemas alimentares são responsáveis por um terço das emissões globais de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, sofrem os impactos climáticos que eles próprios ajudam a causar”, disse a nutricionista Jacqueline Tereza da Silva da Universidade de São Paulo.
A Dra. Schmidt acrescenta: “As pessoas precisam se tornar mais conscientes do que comem se quisermos proteger o meio ambiente e ter uma vida saudável. Precisamos começar a pensar que os impactos ao meio ambiente e à saúde precisam ser enfrentados juntos.”
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Brunel (em inglês).
Fonte: Hayley Jarvis, Universidade de Brunel. Imagem: Pixabay.
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