Notícia

Cientistas criam produto natural e inovador para tratamento da mastite bovina

O gel antimicrobiano é totalmente elaborado com matérias primas naturais: k-carragenana, uma substância extraída de algas marinhas vermelhas, mucilagem de linhaça e extrato de macela

Pixabay

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

quinta-feira, 27 maio 2021 11:15

Áreas

Agronomia. Biotecnologia. Medicina Veterinária. Zootecnia

Pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram um gel antimicrobiano à base de ingredientes naturais para o tratamento da mastite bovina, uma das principais doenças que atinge vacas leiteiras. O produto, que teve seu pedido de patente depositado no início de maio junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) por meio da Secretaria de Inovação da UFSC (Sinova), pode atender a uma demanda antiga de produtores de sistemas orgânicos e agroecológicos, bem como colaborar para a diminuição do uso de antibióticos nos sistemas de criação convencionais.

O trabalho foi executado no Laboratório de Bioquímica e Produtos Naturais (Labinat) e fez parte da pesquisa de doutorado da Dra Gabriela Tasso Pinheiro Machado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas sob orientação da professora Dra. Shirley Kuhnen e co-orientação da Dra. Luciana Aparecida Honorato e a Dra. Maria Beatriz Veleirinho.

A mastite bovina é caracterizada pela inflamação do tecido da glândula mamária e pode ser causada por diferentes espécies de bactérias. A enfermidade é dividida em duas categorias: a mastite clínica, na qual há sintomas visíveis e mudanças físicas na aparência do leite e da mama; e a mastite subclínica, de mais difícil diagnóstico, uma vez que não apresenta manifestações aparentes na vaca ou no leite. Em ambos os casos, contudo, há redução da quantidade e da qualidade do leite. Segundo Gabriela, a doença está presente em praticamente todos os rebanhos leiteiros e pode gerar grandes prejuízos para os produtores. Seu tratamento, em geral, envolve a utilização de antibióticos, mas, além do risco de as bactérias desenvolverem resistência aos medicamentos tradicionais, o uso de antibióticos é limitado na produção orgânica e agroecológica de leite – o que torna bastante complicado o tratamento e o controle da mastite nesse tipo de sistema.

O gel antimicrobiano criado na UFSC foi pensado justamente para atender às necessidades desse grupo de produtores. Ele é totalmente elaborado com matérias primas naturais: k-carragenana, uma substância extraída de algas marinhas vermelhas, mucilagem de linhaça e extrato de macela. Nenhum dos ingredientes foi escolhido por acaso. Os dois primeiros ajudam a dar a consistência adequada – a viscosidade do gel permite que o material permaneça por mais tempo no interior da glândula mamária e que as partículas sejam liberadas gradativamente ao longo do tempo. Há registros, aliás, de que a linhaça já vem sendo utilizada por produtores de leite orgânico para prevenir a mastite devido ao seu potencial antimicrobiano. O extrato de macela, por sua vez, havia sido alvo de estudos prévios do Labinat, que constataram que a planta possui atividade antimicrobiana e, mesmo em doses altas, não é tóxica para humanos ou animais.

Um processo de nanoemulsão da macela, que também está sendo patenteado, reduziu as partículas à escala nanométrica – dezenas de milhares de vezes menor que um fio de cabelo. Isso aumenta o potencial antimicrobiano da planta, uma vez que elementos menores têm mais alcance e penetração no interior do corpo, e colabora para a estabilidade do gel. “A maioria dos produtos naturais está exposta à degradação quando em contato com o oxigênio ou com temperaturas altas. Então, o desenvolvimento da nanoemulsão de macela foi proposto inicialmente para contornar essas limitações, já que a nanoemulsão forma partículas reduzidas e protege os ativos. Isso garante maior tempo de prateleira e maior estabilidade”, explica a Dra. Gabriela.

Uma série de experimentos em laboratório, com células de glândulas mamárias bovinas coletadas em abatedouros, confirmaram que o gel é capaz de penetrar no tecido mamário e matar bactérias causadoras da mastite sem fazer mal para as células da vaca. O Labinat ainda não tem previsão de quando começarão os testes com animais, mas a proposta é que o produto possa ser utilizado durante a lactação e no chamado período seco – quando a vaca não está produzindo leite. “É tanto preventivo quanto para o tratamento”, comenta a pesquisadora.

Acesse a notícia completa na página da UFSC.

Fonte: Camila Raposo, Agecom-UFSC. Imagem: Pixabay.

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