Notícia

Ciência auxilia no resgate da cultura alimentar amazônica

A inovação social alia o saber científico ao saber popular para valorizar a identidade, a cultura e a tradição dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais

Wikimedia Commons, arte

Fonte

EMBRAPA | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

terça-feira, 14 setembro 2021 15:30

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Gastronomia. Nutrição Coletividades. Sustentabilidade

O primeiro projeto de inovação social aberta em execução pela Embrapa Amazônia Oriental vai auxiliar no resgate, valorização e profissionalização de parte da cultura alimentar do nordeste paraense. Saber tradicional e ciência agropecuária se unem para a fabricação de farinhas alimentícias tendo como base produtos e bioativos da sociobiodiversidade da região.

Para a Embrapa, a inovação social alia o saber científico ao saber popular para valorizar a identidade, a cultura e a tradição dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais. Foi com esse princípio que surgiu a parceria com a Rede Bragantina de Economia Solidária Artes e Sabores, por meio da Cooperativa Mista dos Agricultores e Agricultoras Familiares entre os Rios Caeté e Gurupi (Coomar), uma organização que agrega mais de 400 famílias de agricultores familiares em cinco municípios paraenses. Integram a rede os municípios de São Luzia do Pará, Bragança, Augusto Corrêa, Cachoeira do Piriá e Viseu.

De acordo coma Dra. Laura Abreu, pesquisadora da Embrapa e líder do projeto, a parceria terá duração de quatro anos e visa entregar ativos tecnológicos desenvolvidos em parceria com a comunidade e que respondam a demandas reais do público envolvido. “A Rede Bragantina tem tradição na produção de farinhas alimentícias e de alimentos oriundos da transição agroecológica, como frutas e tubérculos, e serão esses o nosso foco de trabalho”, explicou a pesquisadora.

A cientista adiantou ainda que entre os resultados, se prevê a criação de novas farinhas que terão como base bioativos diferenciados de frutas e tubérculos que já integram a cultura alimentar e cultivos desse pedaço da Amazônia. “O processo será todo em parceria e nesse caminhar e troca de conhecimentos, vamos usar da ciência para validar o saber tradicional, ao estabelecer protocolos de boas práticas, caracterizar os ingredientes e suas potencialidades nutricionais, assim como adequá-los à legislação vigente para a disputa de mercados formais”, revela Laura Abreu.

A parceria, chamada de Rede Quirera, que quer dizer “farinha grossa ou resíduo de farinha”, foi oficializada no mês de agosto e no início de setembro já realizou a primeira visita de campo nos municípios participantes, para identificar as áreas de cultivo e famílias de agricultores que fornecerão as matérias-primas usadas no desenvolvimento das farinhas.

Unir excedente de produção à tradição em fabricação de farinhas

A Rede Bragantina tem tradição na fabricação de farinhas artesanais e parte dos cinco municípios que a integram estão geograficamente localizadas na região que recentemente recebeu a Indicação Geográfica (IG) da Farinha de Bragança, no nordeste do Pará.

A agrônoma Nazaré Reis, responsável técnica da organização dos agricultores junto ao projeto, explica que embora o IG da farinhas de mandioca seja um orgulho para todos, o projeto vai criar novas farinhas usando frutas e tubérculos que fazem parte da cultura alimentar das famílias de agricultores da Amazônia. “É tradição da região o preparo de mingaus com inhames, macaxeira, tucumã, carás, além do consumo de pupunha e outros tubérculos cozidos em substituição ao pão no café da manhã ou café da tarde”, explica.

Nazaré relembra que os agricultores familiares que integram a Rede Bragantina, tem cerca de 15 anos de atuação, fabricam a farinha de mandioca artesanal, muito usada na culinária regional, mas que nos últimos anos tem ensaiado a criação de outras farinhas, com vistas ao preparo de mingaus e produtos de panificação. “A parceria com a Embrapa vai profissionalizar esse processo, desde o plantio, colheita, preparo, tempo de prateleira e qualificação de nossos associados”, comemora.

A fabricação de farinhas com produtos da biodiversidade é uma demanda dos agricultores, pois além de agregar valor e criar novos produtos,resolveria o problema da perda de alimentos excedentes. Nazaré Reis explica que entre os trabalhos da rede houve o resgate do cultivo de alimentos tradicionais que estavam desaparecendo, como o cará roxo e a araruta, entre outros.

Aliado à transição agroecológica como prática de cultivo das famílias de agricultores e a economia solidária, havia então matéria-prima, ideias de produtos e até redes de comercialização. “A Embrapa chega para coroar o processo trazendo a ciência para a validação, melhorias e novos produtos para garantir a soberania alimentar, renda e qualidade devida”, fala orgulhosa.

Parceria constrói resposta em conjunto agricultores

A relação entre a Embrapa e a Rede Bragantina também tem tradição, conforme conta a pesquisadora Tatiana Sá, ponto focal dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Embrapa no Pará e articuladora do Núcleo Puxirum Agroecológico. “A rede é parceira antiga desde ações do projeto Tipitamba, com a transição agroecológica e sistemas de roça sem queima no cultivo”, historia.

Acesse a notícia completa na página da Embrapa.

Fonte: Kélem Cabra, Embrapa Amazônia Oriental. Imagem: Wikimedia Commons, arte.

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