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Aditivos alimentares têm risco potencial à saúde das crianças

Aditivos alimentares são substâncias químicas adicionadas nos alimentos para fins tecnológicos, isto é, conservar, colorir ou intensificar a cor, melhorar textura, intensificar o sabor, controlar acidez, entre outras funções, mas não conferem aos alimentos qualquer atribuição nutricional

Pixabay, arte

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

terça-feira, 14 junho 2022 14:05

Áreas

Ciência e Tecnologia de Alimentos . Engenharia de Alimentos. Nutrição Materno Infantil. Saúde Pública

Em recente estudo publicado na Revista de Saúde Pública acerca do consumo de aditivos alimentares na infância ‘Aditivos alimentares na infância: uma revisão sobre consumo e consequências à saúde‘, é apontado que os aditivos comumente usados não costumam ser avaliados em conjunto, ou seja, cada pesquisa examina um tipo de aditivo separadamente. Logo, com as evidências científicas disponíveis, ainda não existe conhecimento sobre os efeitos à saúde, decorrentes do consumo diário de alimentos que tenham dois ou mais aditivos diferentes que interagem entre si e com os outros componentes do alimento industrializado.

Apesar disso, é com base nos poucos estudos existentes que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agência reguladora ligada ao Ministério da Saúde, que atua com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), decide quais aditivos podem ser usados nos alimentos e qual quantidade é segura para consumo humano.

Estes aditivos alimentares são substâncias químicas adicionadas nos alimentos para fins tecnológicos, isto é, conservar, colorir ou intensificar a cor, melhorar textura, intensificar o sabor, controlar acidez, entre outras funções. Logo, os aditivos não conferem aos alimentos qualquer atribuição nutricional. No Brasil, há 23 classes de aditivos permitidas e, portanto, 23 funções diferentes que estas substâncias podem desempenhar nos alimentos. Todos eles são devidamente aprovados pela Anvisa.

Por trabalhar com dados científicos para produzir suas recomendações, a falta de evidência neste assunto dificulta a tarefa da Anvisa de estabelecer regras e instruções sobre o uso de aditivos em alimentos industrializados. No momento, os valores considerados seguros para o consumo humano são determinados pela quantidade de aditivo em relação ao peso corporal. Considerando que as crianças apresentam peso corporal proporcionalmente menor do que os adultos, a toxicidade dos aditivos pode ser maior nessa faixa etária.

“As crianças estão consumindo aditivo, desde o primeiro dia de vida delas”, relata a nutricionista Mariana Kraemer, autora do estudo, atuante no Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com bolsa da Capes.

Exposição precoce

Segundo a pesquisa, pessoas de peso menor devem consumir menores quantidades de aditivos em sua alimentação, para que essas substâncias não tenham efeito tóxico. A OMS indica que, em proporção ao peso corporal, crianças consomem mais água, comida e ar do que os adultos. Ou seja, a exposição precoce ao consumo de alimentos ultraprocessados com aditivos alimentares em sua composição aumenta as chances de possíveis danos à saúde.

A falta de dados científicos sobre esse assunto mostra como é necessária a adoção de medidas preventivas contra os riscos potenciais que podem estar relacionados ao consumo de aditivos, em especial, na alimentação de crianças, que podem exceder a quantidade de aditivos estipulada para sua idade, peso e altura.

Analisando dados científicos previamente divulgados sobre o consumo de aditivos alimentares e em como eles afetam a saúde, a pesquisa de Mariana Kraemer relata que grande parte dos estudos foram direcionados apenas à toxicidade de aditivos em animais ou em células (in vitro). Ou seja, há pouco embasamento teórico sobre a consequência destas substâncias em humanos, tampouco em crianças.

Houve uma época em que o consumo de alimentos industrializados era mínimo, para não dizer nenhum. Comia-se o que era plantado ou criado. Não havia grandes linhas de produção alimentícia ou aditivos alimentares, como os conservantes. “As minhas avós consumiam comida mesmo, e não os ultraprocessados vendidos atualmente. Eu, por outro lado, já consumo industrializado desde o primeiro dia da minha vida, porque tomei fórmula infantil”, disse Mariana Kraemer, ao relembrar que a grande maioria das fórmulas infantis têm aditivo.

Os aditivos passam a fazer parte da dieta das crianças cada vez mais cedo. Desde a fórmula infantil até os laticínios, salgadinhos e bolachas, os aditivos alimentares são utilizados para garantir à comida características específicas. Mas não se sabe até que ponto esses aditivos podem ou não influenciar no valor nutricional dos alimentos e em como o nosso corpo vai absorver essas substâncias.

Na literatura científica, estudos indicam que danos à saúde, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), alterações na microbiota intestinal, desregulação metabólica, ganho de peso, maior risco de desenvolvimento de câncer no trato intestinal, problemas respiratórios, rinite, urticária e angioedema podem estar relacionados com o consumo de aditivos alimentares.

Corantes artificiais podem contribuir para os sintomas de hiperatividade em crianças, considerando sintomas medidos por escalas de avaliação comportamental. Mas, segundo a pesquisa analisada no estudo, é destacado que “a retirada completa deles da alimentação pode não ser suficiente para o tratamento dos sintomas do TDAH, considerando a multifatorialidade das causas.”

Identificação dos Aditivos nos Alimentos

Os aditivos alimentares são comumente usados na produção de alimentos industrializados e a lista de ingredientes é a única fonte de informação sobre a presença dessas substâncias. A lista de ingredientes está localizada no verso ou nas laterais das embalagens, em muitos casos, em letras pequenas e de difícil visualização.

Acesse o artigo científico completo.

Acesse a notícia completa na página da UFSC.

Fonte: Matheus Alves, Agecom – UFSC. Imagem: Pixabay, arte.

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