Destaque

Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR alertam sobre perigos do cultivo de tilápias no Brasil

Fonte

UFPR | Universidade Federal do Paraná

Data

quarta-feira, 7 abril 2021 17:55

Em tempos de ameaças e extinções de espécies, pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação, do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná (LEC-ST-UFPR), publicaram um artigo na revista científica Science que alerta sobre os perigos do incentivo à criação de tilápias para os ecossistemas aquáticos do Brasil. A publicação faz considerações e aponta preocupações sobre o Decreto N° 10.576 do Governo Federal, publicado em dezembro de 2020.

Desde 2009, o LEC-UFPR se dedica em estudos sobre interações ecológicas, biologia da conservação, espécies invasoras e homogeneização biótica, predominantemente com organismos aquáticos. A partir de estudos prévios sobre os efeitos de espécies não nativas de nossa biodiversidade, os pesquisadores avaliaram a nova medida federal, que transferiu a responsabilidade do cultivo de peixes em reservatórios nacionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a Secretaria de Aquicultura e Pesca. Além disso, a norma também incentiva indiretamente a criação de tilápias em 60 dos 73 reservatórios da União ao citar a cessão do uso das águas.

O documento publicado na revista Science aponta dados e trabalhos que mostram os riscos que esse novo decreto pode acarretar. As informações ponderam sobre o que é melhor para o meio ambiente, pensando nos prós, contras e nas questões de curto e longo prazo envolvendo a sustentabilidade das atividades relacionadas com as novas legislações.

Um dos principais pontos abordados no texto científico reflete que a introdução de uma nova espécie em um ambiente pode ser prejudicial para o ecossistema. A pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) e coautora do artigo, Dra. Patricia Charvet, explica que a tilápia não é um peixe nativo do Brasil. É uma espécie da bacia hidrográfica do rio Nilo, localizado no continente africano, o que a torna, portanto, exótica para todas as Américas.

“O grande problema é que, apesar de serem fonte de proteína animal e poderem ser utilizadas na alimentação, as espécies exóticas podem causar diversos impactos ecológicos e socioeconômicos associados ao seu cultivo, principalmente quando escapam dos tanques escavados ou mais ainda de tanques-rede colocados em rios e lagos”, relata a cientista.

Preocupação com o meio ambiente

A simples introdução de uma espécie invasora não-nativa pode trazer modificações negativas e irreversíveis aos ecossistemas aquáticos, chegando ao ponto de extinguir espécies naturais de um país que é considerado megadiverso. É isso o que defendem os pesquisadores que assinam o artigo publicado. De acordo com a Dra. Patricia, a tilápia se adapta bem aos novos ambientes, o que faz com que seja maior a chance de causar danos.

O Dr. Jean Vitule é professor do Departamento de Engenharia Ambiental e coordenador da pesquisa que está por trás do artigo. Ele explica que os danos para o meio ambiente devem ser colocados na balança quando legislações são implementadas. “Diferentemente das outras poluições, a ecológica não se dissipa e não corre em um sentido único de fluxo do rio. Ela se dispersa ao longo do tempo, porque o peixe vai se reproduzir, comer os peixes nativos e interagir”.

Ainda de acordo com o professor, a pesquisa revela que medidas sobre ecossistemas aquáticos não afetam apenas o Brasil. “Nosso país é constituído de bacias hidrográficas de grande porte. Pessoas que trabalham com ictiologia e ecologia de peixes em países da região estão reportando capturas de espécies como o tambaqui e a tilápia, que vem das aquiculturas do Brasil”, explica.

Acesse o artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPR.

Fonte: Breno Antunes da Luz, supervisão Maria Fernanda Mileski – UFPR.

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